Mundo

Alunos de escola em São Franciso cultivam maconha apesar de lei federal

;

postado em 06/06/2008 12:38
OAKLAND - Os estudantes de uma escola particular de Oakland, perto de São Francisco, estão aprendendo a plantar e a cuidar da Cannabis sativa ; a famosa maconha ; para utilização para fins terapêuticos, em um Estado aberto a esse tipo de prática. O objetivo da Oaksterdam University ; como apelidaram os alunos em referência à abordagem liberal da cidade de Amsterdã em relação a essa droga ; é educar as pessoas para os benefícios da cannabis. Na Califórnia, como em 11 outros Estados americanos, a lei autoriza a utilização da cannabis para fins terapêuticos, mas a legislação federal proíbe a posse de qualquer quantidade do produto. A escola de Oakland, que retomou um modelo existente em Amsterdã, abriu em novembro e recentemente começou a dar cursos em Los Angeles. Até agora, 200 estudantes já receberam o diploma e mais de 500 pessoas se inscreveram. Os temas estudados vão da história da cannabis às políticas sobre o produto e horticultura. Os cursos incluem também jogos para saber como comportar-se se for parado por um policial e os métodos para tomar cuidado na preparação do produto, assim como sobre a melhor forma de se secar as folhas e a reduzir o odor liberado. Christie, de 56 anos, que trabalha para sites como free-lance, prefere não revelar o seu sobrenome, mas explica ter vindo à escola para conhecer as leis que cercam a cannabis, sujeitas a evoluções regulares. No ano passado, por exemplo, a Agência Federal contra as drogas (Drug Enforcement administration, DEA) enviou cartas clínicas permissivas pedindo que fechem suas portas para não serem multadas. "Uma intervenção federal provoca apreensão e por isso queria realmente compreender todos os aspectos legais da questão", diz Christie. Ela conta que, sofrendo de depressão, tomou Prozac durante anos, mas tinha sérios problemas com os efeitos secundários. Os seus filhos, então, propuseram que usasse a maconha e disse que a escolha foi correta. "Sinto-me mais feliz e posso finalmente dormir melhor", afirma, assinalando que não toma mais antidepressivos. Os dirigentes da 'Oaksterdam' apontam os efeitos contra dores por pessoas que sofrem principalmente de câncer, esclerose e Aids. Citam também que a legalização da droga para fins medicinais permitiu o aumento dos rendimentos do Estado através dos impostos. O governo gasta somas astronômicas para aplicar as leis antidrogas e colocar as pessoas na prisão", lamenta Danielle Schumacher, dirigente da escola de Oakland. "Quando a DEA faz batidas nas clinicas e apreende bens, está pegando na verdade o dinheiro do Estado de Califórnia", acrescenta. Obviamente, a criação dessa escola especial não foi bem vista pelo DEA, que a considera uma forma de enviar uma mensagem ruim e que incentiva a criminalidade. "Isso reforça uma atitude muito complacente por parte do público de que a cannabis é certa e eficaz, e isso não é verdade", afirma Michael Chapman, um agente do DEA que trabalha no escritório de São Francisco. Danielle Schumacher espera que o uso médico da droga seja ainda mais ampliado. "Os nossos alunos utilizam os seus diplomas para fazer lobbying em diversos níveis do governo", seja na Califórnia, em Washington ou em outros lugares, resume.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação