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Obama precisa solucionar problema hispânico para enfrentar McCain

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postado em 06/06/2008 13:11
WASHINGTON - O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, precisa solucionar o "problema hispânico" pendente nas primárias, caso deseje vencer o rival republicano, John McCain, explicaram inúmeros especialistas e políticos. "Quando um candidato gasta a quantidade de dinheiro dispensado por Obama para conseguir votos latinos e se vê estancado em 30% de apoios, é óbvio que tem um problema", explicou uma fonte próxima da campanha de sua rival nas primárias, Hillary Clinton, que pediu para não ser identificado. A senadora e ex-primeira-dama conseguiu o apoio de mais de dois terços dos votos latinos durante as primárias e deixou em evidência os numerosos problemas do candidato para seduzir uma comunidade que tem votos decisivos em estados como Flórida, Novo México, Nevada e Arizona. "Obviamente, lhe falta conexão com as comunidades hispânicas", admitiu Daniel Restrepo, do Center dor American Progress, um centro de análise próximo dos democratas. "Mas sua campanha tem consciência de que deve fazer mais e veremos cada vez mais um enfoque maior nos grupos em que teve mais dificuldade" nas primárias, disse. Em contrapartida, para Roberto Posada, presidente da Coalizão Latina, uma organização próxima dos republicanos, Obama irá continuar experimentando dificuldades: "grande parte do problema é que a comunidade latina vê Obama como um líder de outra minoria e acredita que ele vai ser preocupar com outras comunidades e não com a nossa". Agora que o senador por Illinois conseguiu os delegados necessários para ser tornar o candidato democrata, deve tocar sua campanha para atrair os hispânicos, que podem contabilizar 12 milhões de eleitores nessas eleições, segundo certas estimativas. Além disso, o candidato republicano John McCain é "o republicano mais forte dentro da comunidade latina", segundo Posada, recordando seu apoio a projetos de reforma de imigração que foram bloqueadas nos últimos anos pelo setor mais radical de seu próprio partido. Consciente do problema, os democratas já lançaram uma campanha para desprestigiar McCain entre os hispânicos, acusando-o de ter trocado de opinião sobre a reforma que teria promovido a via de regularização para milhões de imigrantes irregulares, principalmente latino-americanos. "O problema de Obama com os hispânicos não é tão grande quando se enfrenta um candidato republicano", explicou Restrepo. "Nas primárias, sua rival (Hillary) defendia políticas similares. Agora, ele vai ter a vantagem de enfrentar um republicano com políticas diferentes", acrescentou. Tom Schaller, da Universidade de Maryland, compartilha essa idéia: os "hispânicos não vão votar em McCain", assegurou, baseando sua argumentação na imagem ruim que o Partido Republicano possui na comunidade, principalmente devido ao tom agressivo de sua campanha contra a reforma de imigração. "Em 2004, cerca de 40% dos hispânicos votou em Bush e nas legislativas de 2006 já eram menos de 30%. As primeiras indicações devem mostrar que esse apoio deve estar caindo mais rapidamente atualmente", disse o especialista. Obama conta com o apoio do governador hispânico do Novo México, Bill Richardson, para tentar atrair votos dos hispânicos do sudoeste que votaram em Hillary nas primárias. Agora que sua rival deixou a disputa, também existe a possibilidade de contratar a equipe hispânica da ex-primeira-dama, que efetuou uma das campanhas mais eficientes na minoria mais importante do país, com mais de 45 milhões de pessoas. "Ninguém da equipe se opõe a trabalhar agora por Obama", afirmou uma fonte da campanha, deixando as portas abertas para a possibilidade de apoiar o antigo adversário.

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