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Julgamentos ligados ao nazismo: Berlim planeja ações contra a Itália

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BERLIM - O governo alemão planeja promover ações judiciais contra a Itália depois de duas ações do Tribunal de Cassação italiano darem razão a pessoas que se apresentaram como vítimas do nazismo, exigindo uma indenização de Berlim. As ações do Tribunal de cassação sobre o caso italiano estão "sendo traduzidas", informou nesta sexta-feira o porta-voz do Ministério alemão de Relações Exteriores, Martin Jäger. "Vamos analisar detalhadamente reservando-nos a possibilidade de realizar diligências jurídicas no futuro", disse, acrescentando que "estamos em contato com o governo italiano sobre este processo". O Tribunal de cassação italiano considerou, na quarta-feira, que o trabalho forçado de prisioneiros italianos promovidos pela Alemanha nazista constituiu "um crime contra a humanidade" e que o Estado alemão não podia a esse respeito invocar imunidade para evitar compensar estes "escravos de Hitler", apesar do acordo com Berlim sobre prisioneiros de guerra - normalmente excluídos das compensações. A questão diz respeito a 43 homens, civis e militares, apelidados de "os jovens do Vale Suse", no noroeste da Itália, deportados para o campo de Gaggenau e obrigados a trabalhar para a empresa Daimler, assim como nove outros indivíduos presos e deslocados em circunstâncias diversas. Jäger assinalou que a Alemanha não considerava as vítimas italianas como presos de guerra, não podendo, desta forma, ser indenizados. Recordou que a Alemanha indenizou 3.395 trabalhadores forçados civis em 2000, com um montante de 1,89 milhão de euros. O porta-voz também lembrou que em virtude de um acordo entre os dois países de 1961, 40 milhões de deutschemarks foram pagos em compensação às vítimas do nazismo.