Mundo

Sindicatos argentinos confirmam fim da greve à meia-noite de domingo

;

postado em 06/06/2008 23:04
Líderes agrários argentinos reiteraram, nesta sexta-feira (06/06), que a greve contra a alta nos impostos sobre as exportações de grãos terminará à meia-noite de domingo, apesar dos pedidos para um fim imediato da medida, que está afetando o abastecimento dos alimentos e as exportações nacionais. "Mantemos a não comercialização de grãos para a exportação até o domingo, dia 8, à meia-noite, momento a partir do qual permaneceremos em estado de alerta e de mobilização", disseram, em uma nota, as quatro entidades que reúnem os produtores em rebeldia fiscal desde meados de março. Na quinta-feira (05/06), a cúpula da Igreja Católica pediu aos agricultores que suspendessem o protesto, que consiste em não vender no mercado interno os grãos destinados à exportação, além de solicitar ao governo que convocasse os produtores com urgência ao diálogo. Ao pedido da Igreja, somaram-se sindicatos do setor agroindustrial, porta-vozes da indústria e representantes políticos, como o socialista Hermes Binner, governador da província de Santa Fé, importante produtora de grãos e leite. O embate de quase 90 dias começou a afetar, nesta sexta, o abastecimento de leite, carnes, verduras e combustíveis, devido a uma greve de empresários do transporte que bloqueou dezenas de estradas para reivindicar dos agricultores o fim do protesto. "As empresas de lacticínios estão sofrendo graves dificuldades e o abastecimento será afetado", segundo o Centro da Indústria Leiteira. A cooperativa Sancor, uma das mais poderosas do setor industrial lácteo, revelou que "há 500.000 litros de leite parados nos piquetes", enquanto em Córdoba (centro) caminhoneiros foram obrigados a derramar o leite que transportavam. A falta de leite "começará a ser sentida nesta sexta ou sábado", disse Sergio Montiel, porta-voz da cooperativa, que reúne milhares de pequenos produtores. A situação se agravou hoje, quando agricultores de Gualeguaychú (ao norte de Buenos Aires) bloquearam a Estrada 14, chamada de Mercosul, que leva a Brasil e Paraguai. O bloqueio das estradas tem afetado ainda a distribuição de combustíveis, com a ameaça de desabastecimento de gasolina, diesel e gás liquefeito. "Não estão chegando diesel e gasolina aos postos. Caminhamos para o desabastecimento total", disse nesta sexta-feira o presidente da Federação de Empresários de Combustíveis da Província de Buenos Aires. Segundo empresários do setor de supermercados, "estão faltando lacticínios, carnes e verduras. Os produtos de primeira necessidade deixaram de chegar às prateleiras com o bloqueio de 60 estradas". O conflito agrário explodiu quando o governo impôs "retenções" (impostos) flutuantes às vendas externas, que aumentaram, para a soja, de 35% a 41%, e podem subir mais, se os preços internacionais continuarem crescendo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação