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Via Láctea tem só dois braços, revela cientista

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postado em 07/06/2008 09:28
Se você observar o céu à noite verá um ;véu leitoso; e sem extremidades ; uma perspectiva de apenas um pedaço da Via Láctea. Na visão dos astrônomos, até há pouco tempo a Via Láctea tinha quatro grandes braços e o formato em espiral. No entanto, o Telescópio Espacial Spitzer rastreou um pequeno pedaço do céu e, com a ajuda do astrônomo norte-americano Robert Benjamin, comprovou algo que brasileiros já suspeitavam: o cálculo da estrutura espiral da Via Láctea, adotado como unanimidade no meio científico mundial, estava errado.

Em entrevista ao Correio, o especialista da Universidade de Wisconsin-Whitewater explicou que o instrumento da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) usou o Glimpse, um aparelho de análise por ondas infravermelhas. Benjamin desenvolveu um software que lhe permitiu tabular as posições e os brilhos de mais de 100 milhões de estrelas, após unir mais de 800 mil imagens do céu. A pesquisa levou à conclusão de que a nossa galáxia tem apenas dois grandes braços e não quatro, como se pensava.

;Os dois braços dominantes, chamados de Perseu e Scutum-Centauro, parecem estar ligados ao fim da barra galáctica;, revelou Benjamin. ;Descobrimos isso depois que o Spitzer contou o número de estrelas como uma função da direção da galáxia;, acrescentou. Sob a ação da luz infravermelha, as estrelas não são obscurecidas pela poeira cósmica, o que garantiu uma contagem mais acurada. ;Quando olhamos na direção do braço Scutum-Centauro, vimos um aumento no número de estrelas, algo esperado. Esperávamos ver outro aumento de concentração de estrelas nos braços Sagitário e Norma, mas isso não foi detectado, o que indica que nem todos os braços são iguais;, explicou. De acordo com Benjamin, a densidade estelar é maior em Perseu e Scutum-Centauro ; por isso, o gás fica comprimido, forma novas estrelas e torna essas projeções mais visíveis.

Por meio dessa observação, Benjamin e sua equipe concluíram que a Via Láctea é formada por dois tipos de braços. Scutum-Centauro e Perseu são repletos de jovens estrelas e de velhas estrelas gigantes vermelhas, o que lhes dá o aspecto de espiral intenso. Os dois braços menores, Sagitário e Norma, são cheios de gases e bolsões de jovens estrelas, o que os faz visíveis, mas não tão pronunciados. O norte-americano acredita que sua descoberta permitirá aos astrônomos pensarem sobre as diferenças entre os tipos de braços espiralados. ;Uma vez que tenhamos criado uma ;concepção artística; da Via Láctea, vários astrônomos tomarão por base nosso mapa que, no entanto, será tão mutável como os mapas dos primeiros exploradores de nosso planeta;, previu Robert Benjamin.

Doutorado
Em novembro de 2005, a paulista Elysandra Figueredo ; astrônoma do Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul (Soar, em inglês) ; apresentou uma tese de doutorado em que antecipava a descoberta de Benjamin. Ela contou ao Correio que seu estudo buscava determinar a distância dos mapeadores da estrutura espiralada da Via Láctea. ;As distâncias não eram coincidentes com aquelas usadas nos modelos atuais de forma da galáxia, que supunham a existência de quatro braços;, contou. ;Por isso, sabíamos que podíamos esperar alguma mudança, mas não sabíamos qual.; A alteração foi confirmada pelo Spitzer. Robert Benjamin também revelou que os cientistas Jacques Lépine e Luiz Henrique Amaral, ambos do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP), já haviam previsto que a Via Láctea é formada por dois braços dominantes e dois menores.


Big Bang em xeque
Um consórcio de físicos descobriu que nossa visão dos primórdios do universo pode conter a assinatura de um tempo anterior mesmo ao Big Bang, a grande explosão que deu origem ao cosmo. A conclusão surgiu após o estudo da radiação cósmica de fundo (CMB, pela sigla em inglês), a luz emitida quando o universo tinha apenas 400 mil anos. Em 1992, o satélite Cobe detectou pequenas flutuações que seriam sementes de aglomerados de galáxias. Cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) acreditam que essas flutuações contêm pistas de que nosso universo surgiu a partir de um universo anterior.

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