A fundadora da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, bispa Sônia Hernandes, deixou o presídio de Tallahassee, capital da Flórida, e seguiu para Miami. Ela se apresentou à Justiça dos Estados Unidos em 21 de janeiro deste ano para iniciar o cumprimento de 140 dias de reclusão.
Junto com o marido, Estevam, foi condenada a mais cinco meses de prisão domiciliar, mais dois anos de liberdade condicional e multa individual de US$ 30 mil. Enquanto cumpria pena em regime fechado, Estevam cumpriria a pena em regime domiciliar.
O casal foi condenado em 17 de agosto do ano passado pelos crimes de conspiração e contrabando de dinheiro. Os dois foram detidos em 9 de janeiro de 2007 quando entravam nos EUA com US$ 56,4 mil escondidos em uma bolsa, na capa de uma Bíblia, em um porta-CDs e em uma mala. Em vez de declarar a quantia, informaram que não carregavam mais de US$ 10 mil.
Inicialmente, a defesa alegou que houve um equívoco na declaração de valores à alfândega americana, além de dificuldades de entendimento do idioma inglês. Em junho, em troca de uma pena mais branda, fizeram um acordo com a promotoria norte-americana e se declararam culpados. Foi considerado como atenuante o fato de os réus terem admitido a culpa e a demonstração de arrependimento. Por causa dessa decisão, eles só poderão sair dos EUA com autorização judicial.
Até a condenação, o casal ficou em liberdade condicional e vigiada: sua circulação estava restrita ao condomínio de luxo em Miami no qual possui residência e alguns lugares da cidade, como consultórios médicos. Todos os seus deslocamentos eram monitorados por um aparelho eletrônico preso ao tornozelo de cada um.
Formação de quadrilha
Pela decisão da Justiça norte-americana, Sônia e Estevam deveriam cumprir a pena de reclusão em regime fechado em períodos intercalados. O juiz Federico Moreno, do Tribunal da Flórida, levou em consideração que um deles precisava ficar em casa para cuidar do filho.
No Brasil, os fundadores da seita respondem a processos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e estelionato. No ano passado, tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça paulista, mas a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus aos pastores Estevam Hernandes e Sônia Hernandes.
Em sua decisão, o ministro Marco Aurélio Mello, relator do recurso, entendeu que o casal foi submetido a constrangimento ilegal. Em nota divulgada pela Renascer, a assessoria do casal explica que não há mais nenhum mandado de prisão contra os Hernandes no Brasil.
Portanto, assim que cumprirem pena nos Estados Unidos, por conspiração e contrabando de dinheiro, poderão retornar e ;prestar esclarecimentos em todos os processos; a que respondem na Justiça de São Paulo.