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Nobel de Medicina alerta para obstáculos na pesquisa das células-tronco

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postado em 10/06/2008 07:47
Para os céticos, a descoberta pode ser vista como um combustível. Para os cientistas e portadores de doenças degenerativas, um motivo a mais para se aprofundar nos estudos e se agarrar à esperança. O geneticista Mario Capecchi, professor da Universidade de Utah (Estados Unidos) e Prêmio Nobel de Medicina no ano passado, concluiu que um único órgão do corpo humano pode conter mais de um tipo de célula-tronco adulta. A constatação veio depois que ele e o colega Eugenio Sangiorgi usaram um gene chamado de Bmi1 para indicar a presença de células-tronco adultas nos intestinos delgados de camundongos. ;Ainda que o Bmi1 tenha marcado apenas um terço do intestino, sabemos que o órgão se modifica muito rapidamente entre cada dois a cinco dias. Isso implica que há outros tipos de células-tronco não marcados com o Bmi1 nos dois terços da porção inferior do intestino;, afirmou Capecchi, ao explicar que essas células-tronco não apontadas são as responsáveis pela modificação. A mudança ocorre porque as células-tronco intestinais precisam fabricar novas células para o revestimento do intestino, enquanto as antigas se desgastam nesse prazo. Capazes de se diferenciar em diversos tipos de tecidos do corpo, as células-tronco são consideradas uma espécie de kit repositório pelos cientistas. Os médicos esperam transplantar essas estruturas no pâncreas, por exemplo, para substituir células produtoras de insulina danificadas, e no coração, para regenerar o músculo cardíaco lesionado após um enfarte. As células-tronco marcadas com o Bmi1 por Capecchi são encontradas acima da base das criptas ; glândulas presentes no revestimento interno do intestino delgado. Segundo o Nobel de Medicina, a descoberta de tipos diferentes de células-tronco no camundongo indica que cada órgão humano pode abrigar diferentes variedades de células-tronco. ;A única célula-tronco mais exaustivamente estudada é a hematopoiética, capaz de originar todos os tipos de células do sangue;, explicou Capecchi. ;Com esse sistema, parece haver somente um tipo de célula-tronco capaz de originar todas as células sangüíneas.; O pesquisador da Universidade de Utah assegura que as estruturas encontradas no intestino têm a capacidade de se auto-renovar e se diferenciar em todos os tipos de células encontradas no órgão. Sistema Até a publicação da pesquisa de Capecchi na edição da revista científica Nature Genetics do último dia 8, acreditava-se que cada órgão abrigava uma população uniforme de células-tronco. Agora, os médicos serão obrigados a entender todo o sistema antes dos transplantes. ;A ausência de conhecimento atrasa nossa habilidade de desenvolver boas terapias. Minha contribuição foi simplesmente mostrar que um tratamento eficiente deve levar em conta a complexidade do sistema, antes desconsiderado.; Capecchi garante que o enorme potencial das terapias com células-tronco, embrionárias ou adultas, não será afetado. O Nobel reconhece que as células-tronco exigem estudos contínuos, mas vê vantagens nas estruturas retiradas dos embriões. ;As células-tronco embrionárias podem crescer in vitro sem que haja perda de pluripotencialidade (a capacidade de se diferenciarem em qualquer órgão);, afirmou o Nobel de Medicina.

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