postado em 11/06/2008 13:45
GENEBRA - O Brasil e a União Européia (UE) denunciaram nesta quarta-feira (11/06) na Organização Mundial do Comércio (OMC) um aumento do protecionismo dos Estados Unidos, assinalando procedimentos de controle das importações por temor a atentados terroristas e a recente lei agrícola adotada pelo Congresso.
Durante o exame bianual da política comercial de Washington na OMC, o Brasil acusou os Estados Unidos de imporem barreiras à importação de alguns produtos que penalizam os países em desenvolvimento, disse Clem Boonekamp, encarregado do exame das políticas comerciais na OMC.
O Brasil destaca que seus exportadores pagam uma taxa alfandegária média de mais de 20% para entrar nos Estados Unidos, enquanto que no sentido inverso, os exportadores americanos só pagam uma tarifa de 11%. Os Estados Unidos aplicam, em média, tarifas de 4,8% nas mercadorias que entram em seu país.
A UE, por sua vez, apontou os "sinais inquietantes de um ressurgimento do protecionismo" nos Estados Unidos, segundo um comunicado da Comissão Européia. Bruxelas mencionou as crescentes exigências alfandegárias de Washington, que em nome da segurança tendem a frear as importações, como a passagem obrigatória por scanners de todas as mercadorias.
Segundo o bloco europeu, essas disposições constituem "um peso considerável" para os exportadores europeus e despertam dúvidas sobre sua conformidade com as regras da OMC. Os europeus lamentam, além disso, que os Estados Unidos não tenham escolhido o caminho da reforma em sua última lei agrícola, que eleva os subsídios que criam obstáculos ao comércio.
O presidente americano George W. Bush vetou em 21 de maio essa lei que destina cerca de 290 bilhões de dólares os subsídios agrícolas em cinco anos. Contudo, as Câmaras do Congresso parecem contar com votos suficientes para suspender o veto presidencial. Na segunda-feira, a própria OMC advertiu os Estados Unidos pelo seu grande déficit comercial, em seu informe preparado para o exame periódico do país.
O embaixador americano na OMC, Peter Allgeier, assegurou por sua vez que os Estados Unidos estão dispostos discutir as barreiras tarifárias nas negociações da Rodada Doha para liberação do comércio mundial, disse Boonekamp.