postado em 11/06/2008 20:11
O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, não conseguiu até agora acordos com diferentes partidos para formar uma maioria política no futuro Parlamento do país, situação que coloca em risco o cumprimento "das promessas de reformar o Estado", revelou nesta quarta-feira (06/11) o senador liberal Alfredo Jaeggli. O ex-bispo católico Lugo assumirá a presidência do Paraguai em 15 de agosto, colocando um final aos 61 anos de governo do Partido Colorado no país.
"A situação de Lugo é incômoda e angustiante. Caso não consiga a maioria parlamentar, não haverá governabilidade nos próximos cinco anos", disse Jaeggli aos jornalistas. O parlamentar é deputado do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), principal sustentáculo político de Lugo. Jaeggli afirmou que o PLRA "e os outros partidos da base deveríamos ter a maioria no Congresso, porque se isso não acontecer fracassarão as promessas de reformar o Estado paraguaio e não ocorrerão mudanças neste país".
Apelo aos colorados
"Inclusive, acredito que deveríamos convidar os colorados a se somarem aos projetos de um novo Paraguai," afirmou. A coalizão Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), que apoiou Lugo, ganhou as eleições presidenciais de 20 de abril mas perdeu para os colorados vários governos dos departamentos e também não superou os rivais no número de deputados e senadores eleitos. Na Câmara de Deputados, que tem 80 cadeiras, a APC conquistou 26, frente às 29 dos colorados e 16 "oviedistas", ou partidários do ex-general Lino César Oviedo, que até agora não se aliou a ninguém.
No Senado, das 45 cadeiras, a APC obteve apenas 14 postos, ante 15 dos colorados e 9 dos oviedistas. O resto das cadeiras ficou com partidos minoritários, incluído um posto para o partido de esquerda Tekojojá (gente unida, no idioma guarani, a segunda língua oficial do Paraguai). Com um Parlamento controlado pela oposição, Lugo não poderá expropriar terras para satisfazer 300 mil famílias camponesas paraguaias sem-terra. O ex-bispo foi eleito com a promessa de expropriar fazendas de grandes empresários agrícolas e entregar as terras aos sem-terra.