postado em 12/06/2008 16:12
O ex-chefe dos inspetores das Nações Unidas especializados em armas de destruição em massa, Hans Blix, criticou nesta quinta-feria (12/06) os Estados Unidos por manter aberta a possibilidade de uso da força para privar o Irã de seu programa nuclear. Blix está em Roma para participar de um congresso internacional sobre proliferação nuclear que ocorre, coincidentemente, durante os três dias de estada do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na capital italiana. "A ameaça militar pode muito bem ser contraproducente", declarou Blix durante uma entrevista coletiva. "É muito mais provável que isso acirre os ânimos do Irã.
O diplomata sueco, que em 2003 trabalhou para evitar a invasão do Iraque porque os inspetores da ONU não haviam encontrado armas de destruição em massa no país, defendeu que sanções econômicas rigorosas têm mais potencial para forçar Teerã a aceitar um acordo com relação a seu programa nuclear. Segundo Blix, incentivos "são mais eficazes do que o porrete". Na quarta, durante visita à Alemanha, Bush voltou a dizer que, para os EUA, nenhuma opção está excluída no que diz respeito a fazer com que o Irã abandone seu programa nuclear, o que inclui a via militar.
Nesta quinta, em Teerã, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que a "atitude maligna" do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não afetará as ambições nucleares da república islâmica. Mohammad Ali Hosseini, o porta-voz, divulgou nota segundo a qual "as palavras irresponsáveis de Bush" seriam uma continuidade da "tática de criação de crises" dos neoconservadores americanos.
Na declaração, Hosseini comenta que as "ações desesperadas" do líder americano apenas fortalecem o "ímpeto" iraniano de levar adiante seu contestado programa nuclear. Os Estados Unidos e outras potências ocidentais vinham acusando o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega e assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica e já declarou em diversas ocasiões que não pretende interromper suas atividades nucleares.