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Londres ameaça exigir visto de brasileiros

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O Itamaraty recebeu com certo espanto a informação de que o governo britânico teria dado um ultimato ao Brasil e a outros dez países para evitarem "abusar" do privilégio de não precisar de vistos para entrar no país. Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal Financial Times, além do Brasil, Londres listou África do Sul, Malásia, Botsuana, Bolívia, Venezuela, Trinidad e Tobago, Ilhas Maurício, Lesoto, Namíbia e Suazilândia como nações cujos cidadãos "quebram as regras com bastante freqüência". A decisão teria sido motivada por denúncias de permanência ilegal de imigrantes no Reino Unido, falsificação e crimes como tráfico de drogas. Oposicionistas integrantes do Ministério do Interior britânico temem que a medida represente um risco para as relações diplomáticas entre os países e ameace a realização da Copa do Mundo em 2018. Consultada pelo Correio, a Embaixada do Reino Unido em Brasília garantiu que não houve ultimato por parte de Londres. "Nosso governo mantém um diálogo aberto e contínuo com o governo brasileiro sobre várias questões, incluindo a imigração", afirmou a assessoria de imprensa da representação diplomática. "Queremos facilitar a entrada de visitantes genuínos e prevenir o ingresso daqueles que abusam da situação ilegal", acrescentou. Segundo a assessoria, o Reino Unido está reavaliando a posição em relação a todos os países-membros da União Européia (UE). "Com relação à imposição do regime de vistos, esperamos que isso não ocorra e queremos trabalhar com o governo brasileiro." O posicionamento do Ministério das Relações Exteriores é claro. "Se o governo do Reino Unido passar a exigir o visto de brasileiro, imediatamente vamos adotar o princípio da reciprocidade e também o exigiremos dos britânicos", afirmou o Itamaraty, que considera natural o movimento de imigração de vários países em direção à Europa. "O governo brasileiro vinha conversando com os britânicos desde 2007 e mantendo reuniões freqüentes sobre o assunto. Parece interessante que os britânicos considerem exigir o visto novamente", acrescentou.