postado em 13/06/2008 17:47
BERLIM - Por que o chanceler Willy Brandt se ajoelhou, em 1970, diante do antigo gueto judeu de Varsóvia? Como é o escudo da Baviera? Saber a resposta dessas e de outras 30 perguntas sobre a cultura e a política da Alemanha será necessário, agora, para qualquer pessoa que queira se tornar alemã.
A partir de 1º de setembro, os estrangeiros que quiserem adquirir a nacionalidade alemã deverão, como já acontece nos Estados Unidos, ou na Grã-Bretanha, submeter-se a um exame para provar seus conhecimentos políticos, históricos, culturais e sociais sobre a Alemanha.
O Ministério do Interior apresentou esta semana as características da medida, prevista em uma lei aprovada em 2007, com a qual a Alemanha quer remediar algumas falhas de seu modelo de integração, o chamado "multikulti" (multicultural), atualmente em crise, apesar de já ter permitido a mais de um milhão de pessoas adquirir a nacionalidade alemã desde 2000.
Exames
Para os solicitantes, que devem viver no país por oito anos e ter ficha policial limpa, o exame se soma aos testes de idioma, que também devem superar as entrevistas pessoais impostas por alguns estados para tentar comprovar sua "sinceridade".
A idéia do exame conta com o apoio dos dois grandes partidos da coalizão governista da chanceler Angela Merkel. Alguns membros do Partido Social Democrata (SPD) consideraram que certas perguntas são "demasiado especializadas". Já o opositor partido da esquerda radical, Die Linke, criticou a medida por considerá-la "supérflua".
Apesar das críticas, a partir de setembro, os aspirantes a alemães terão de aprender as respostas de 310 perguntas preparadas por uma universidade de Berlim, a pedido do governo, que estarão disponíveis na Internet.
Já os imigrantes que contarem com um título de estudos de alemão não terão de fazer o exame.
Aprovação
No dia "D", o candidato terá de responder a 33 perguntas selecionadas, aleatoriamente, entre as 310 possíveis. Cada pergunta terá quatro alternativas, e o "aluno" terá de escolher a opção correta. Precisa acertar pelo menos 17 para poder ser alemão.
O jornal Suddeutsche Zeitung avaliou, recentemente, que o exame não é difícil e que a equipe que o elaborou não espera que os candidatos tenham "o nível de um cientista político".
No entanto, "muitos alemães não conseguiriam passar nele", denunciou o deputado verde (oposição), Hans-Christian Strobele.
Um jornalista do Berliner Zeitung fez um teste entre os transeuntes de uma rua da capital e constatou que poucos foram capazes de citar a data de nascimento da República Federal Alemã, ou de explicar o papel da oposição parlamentar.