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Especialista do International Crisis Group diz que "o Afeganistão não está perdido"

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postado em 16/06/2008 07:50
Joanna Nathan, especialista do International Crisis Group ; organização não-governamental baseada em Cabul (Afeganistão) ;, escreveu ao Correio sobre a insegurança no país e o papel da milícia fundamentalista Talibã na desordem socioeconômica. ATAQUE À PRISÃO DE KANDAHAR "O ataque do Talibã à principal prisão de Kandahar, em 12 de junho, foi uma ação bem planejada, uma ofensiva conduzida de modo insolente. Ele não demonstra um controle do Talibã na região (sul do Afeganistão), mas mostra a habilidade da milícia em arquitetar e conduzir uma operação em uma grande cidade (Kandahar tem 450 mil habitantes). Por isso, a operação tem um enorme efeito de propaganda para os insurgentes" INSEGURANÇA "A situação da segurança é grave hoje. O Talibã é uma força amplamente dividida, mas está conseguindo impor dificuldades políticas à metade do país e impedir que o desenvolvimento alcance além dos centros distritais (provinciais)" PAPEL DO PAQUISTÃO "Após 2001, a liderança do Talibã se reagrupou e refez suas estratégias ao longo da fronteira com o Paquistão. Hoje, esses santuários e postos de observação permanecem vitais para a milícia, especialmente desde 2006, quando aumentou o número de pessoas que optaram pela violência por uma grande gama de razões que têm a ver com a desilusão e com a ocupação estrangeira" TROPAS ESTRANGEIRAS "Erros foram feitos ainda bem no início da intervenção, com a falha de colocar mais soldados em combate. Quando nossa ONG, a International Crisis Group, estimou que eram necessários entre 25 mil e 30 mil tropas em 2002, só haviam de fato 4.500 soldados em Cabul. Hoje, os soldados encaram um trabalho mais pesado. Enquanto houver santuários e postos de observação ao longo da fronteira com o Paquistão, será muito difícil resolver o problema" PERSPECTIVAS PARA O AFEGANISTÃO "O Afeganistão não está perdido, mas os sinais não são bons. Espera-se que a comunidade internacional perceba a gravidade dos problemas e reforce as tropas. Os países devem também coordenar melhor o dinheiro gasto aqui e enfatizar a capacidade de reconstrução do Afeganistão"

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