postado em 17/06/2008 09:34
TÓQUIO - A influência dos filmes de terror violentos causou, segundo os advogados defesa, a alienação mental do jovem Tsutomu Miyazaki, um japonês executado nesta terça-feira (17/06) por ter assassinado quatro meninas e comido partes de seus corpos. Miyazaki, que tinha 25 anos quando cometeu os crimes, no fim da década de 80, foi enforcado ao lado de outros dois condenados.
A execução aconteceu poucos dias depois de outro caso traumatizante: o assassinato de sete pessoas por um desequilibrado nas ruas de Akihabara, célebre "bairro eletrônico" de Tóquio. Assim como no massacre de Akihabara, o caso de Tsutomu Miyazaki levou o Japão a se questionar sobre a influência de certas séries de televisão e histórias ultraviolentas. Miyazaki, que tinha uma coleção de 5.700 filmes de terror, ficou conhecido como "assassino otaku", termo que designa no Japão os jovens anti-sociais, fãs de jogos eletrônicos e "mangás", e que passam a maior parte do tempo trancados em seus quartos.
Em junho de 1989 a polícia o prendeu em um parque por atentar contra o pudor de uma menina. Interrogado pelos agentes, confessou que havia seqüestrado e assassinado outras quatro meninas, com idades entre quatro e sete anos, em Tóquio e no distrito vizinho de Saitama, em 1988 e 1989. O assassino mutilou o corpo das vítimas, cozinhou em um forno as mãos e os pés, bebeu o sangue das vítimas e dormiu ao lado dos corpos para satisfazer suas fantasias sexuais. Em seguida enviou cartas aos meios de comunicação, se fazendo passar por uma mulher, para reivindicar os crimes.
Também enviou pedaços do corpo de uma das vítimas para a família da criança. Foi condenado à pena capital, apesar dos pedidos de clemência dos advogados, que alegaram "alienação mental", afirmando que Miyazaki tinha o espírito perturbado por um excesso de filmes doentios. Um total de 5.700 fitas cassetes de filmes de terror e ultraviolentos, incluindo algumas cenas filmadas pelo próprio Miyazaki nos locais dos crimes, foram encontradas no quarto do assassino. Ele morava com os pais em um remoto subúrbio da zona norte de Tóquio.
Durante o julgamento, disse desejava ser famoso e comparou o tribunal a "uma sessão de gala no cinema". "Sentia que era um sonho, fiz tudo isto em sonhos", declarou. Miyazaki foi enforcado aos 45 anos. "Com esta execução caiu o pano sobre uma história", declaró Shigeru Hashizume, o policial que comandou a investigação, hoje com 75 anos. O Japão é um dos únicos países desenvolvidos, ao lado dos Estados Unidos, a aplicar a pena capital. Uma centena de condenados esperam atualmente no corredor da morte. "No Japão a opinião majoritária é de que a pena capital deve ser mantida. Por isso não vejo a necessidade de modificar o que temos feito até agora", declarou o primeiro-ministro Yasuo Fukuda.