postado em 17/06/2008 17:26
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner criticou nesta terça-feira (17/06) os produtores rurais e a imprensa do país, principalmente os jornais La Nación e Clarín. "Não vamos deixar que ninguém pratique extorsões contra o governo. Nos parece ótimo que surja na Argentina uma direita nova, mas que seja nova, não uma direita velha, golpista, desestabilizadora, voltada para o passado", afirmou.
Kirchner acusou os meios de comunicação de defenderem seus interesses através do conflito do governo com o setor agropecuário. "(Eles) tratam de forçar, de gerar situações onde alguns podem bloquear as rodovias, bater nas pessoas, agredir. Mas quando nós queremos nos expressar, não podemos, porque é um ato de provocação. Os meios de comunicação têm de terminar esse duplo discurso, porque dá pena e algum dia vão ter de olhar no espelho", afirmou.
Segundo o ex-presidente, a situação de caos que vive a Argentina é culpa da má informação dos jornalistas que "não informam toda a verdade". Kirchner repassou as conquistas de seu governo e ainda brincou: "Me criticavam porque eu me visto mal e uso mocassins, agora criticam a presidente (Cristina Kirchner, sua mulher) porque se veste bem", afirmou. "Recuperamos o salário dos trabalhadores argentinos em negociações democráticas, com diálogo. Alguns esperavam conflitos entre o governo e os trabalhadores, mas não houve nada disso", explicou.
"Em meu governo, baixamos a indigência, que está a 7%, e o desemprego para 13%. A pobreza estava em 20%. A indústria cresceu e aqui estamos discutindo a renda extraordinária (do campo) porque o país subsidia o óleo diesel para produzir e quem paga são todos os argentinos", comentou. "Por que essa reação com procedimentos autoritários, antidemocráticos de bloquear as rodovias?", indagou
O ex-presidente defendeu o imposto de exportação. "Não se trata de medida fiscal, mas de redistribuição de renda, porque estamos defendendo a mesa dos argentinos, para que tenham comida, e isso não informam, porque querem que os alimentos custem o mesmo que os preços internacionais", afirmou Kirchner, em sua primeira entrevista coletiva desde que deixou o governo, em dezembro do ano passado.