postado em 18/06/2008 08:53
JERUSALÉM - Israel se compromete a respeitar a partir desta quinta-feira uma trégua na Faixa de Gaza com o grupo radical islâmico palestino Hamas, negociada com a mediação com o Egito, informou nesta quarta-feira (18/06) o governo do Estado hebreu, um dia após o anúncio do prosseguimento dos contatos indiretos com a Síria. A trégua na Faixa de Gaza, com duração de seis meses segundo o Hamas, entrará em vigor na quinta-feira às 6h (00h00 de Brasília).
Além do fim dos disparos de foguetes palestinos ao sul de Israel e dos ataques israelenses contra Gaza, o acordo prevê o fim progressivo do bloqueio do Estado hebreu à Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas há quase de um ano. "Israel aceitou as propostas egípcias e temos a sincera esperança de que a partir de quinta-feira a população do sul de Israel deixe de ser vítima dos constantes disparos de foguetes e morteiros dos terroristas da Faixa de Gaza", declarou Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelense Ehud Olmert.
Após meses de negociação, Hamas e Egito anunciaram na terça-feira que a trégua entraria em vigor na manhã de quinta-feira. "Não daremos motivos a Israel para que viole a trégua", declarou o porta-voz do Hamas, Fawzi Bahrum, reagindo ao anúncio israelense. Segundo a rádio pública israelense, o premier Ehud Olmert e o ministro da Defesa, Ehud Barak, tomaram a decisão na noite de terça-feira, após o regresso do Cairo do general da reserva Amos Gilad, conselheiro político do ministério da Defesa.
Barak se mostrou, contudo, cético, considerando que "é difícil saber quanto tempo vai durar a calma". Por sua vez, o general Yosi Beiditz, chefe do departamento de informação militar israelense, afirmou que o cessar-fogo será "temporário e frágil". Por sua vez, a Jihad Islâmica, que regularmente reivindica disparos de foguetes contra o sul de Israel, procedentes da Faixa de Gaza, afirmou que não prejudicará a trégua.
"Apesar de nossas reservas sobre o acordo, nós não planejamos promover obstáculos e não tentaremos provocar seu fracasso, em nome da unidade palestina e para obter o fim do bloqueio", declarou o líder do grupo radical palestino, Nafez Azzam. "Não assinamos nenhum documento mas manifestamos nosso acordo verbal ao Hamas e ao Egito", acrescentou. Ao comentar as "reservas", Azzam criticou a não inclusão da Cisjordânia nos acordos, apesar do Egito ter prometido se esforçar para incluir o território no futuro.
Nesta quarta-feira (18/06), a Jihad Islâmica anunciou ter disparado "nove foguetes" contra a cidade israelense de Sderot, alvo regular de ataques palestinos. Apesar do ceticismo em relação ao acordo, o fim da violência em Gaza, graças à mediação do Egito, se uniu aos esforços diplomáticos para reduzir a tensão na região. Na terça-feira, o chanceler turco Ali Babacan anunciou que Israel e Síria prosseguirão com os contatos indiretos com a mediação de seu país.
Israel e Síria encerraram na noite de segunda-feira uma segunda rodada de discussões indiretas na Turquia, segundo o ministro."O mais importante é que fixamos as datas das duas próximas reuniões, no mês de julho", disse Babacan. Sem querer provocar grandes esperanças, Babacan assinalou que a negociação entre Israel e Síria é "difícil", apesar de ser menos complicada que entre o Estado hebreu e os palestinos.
Com a mediação do Egito, em 22 de junho devem começar ainda as negociações sobre o destino do soldado israelense Gilad Shalit, capturado em junho de 2006 por grupos armados palestinos e preso desde então na Faixa de Gaza, segundo a imprensa israelense. Em 26 de junho, representantes do Egito, da União Européia (UE), do Hamas e da Autoridade Palestina discutirão a reabertura da passagem de Rafah, entre Gaza e Egito, também segundo a imprensa.