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ONG denuncia seqüelas em ex-prisioneiros dos EUA

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postado em 18/06/2008 12:52
Washington - Ex-detentos de prisões militares mantidas pelos Estados Unidos no Iraque e na Baía de Guantánamo sofrem de estresse pós-traumático, aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira (18/06) pelo grupo Physicians for Human Rights (Médicos pelos Direitos Humanos). Além disso, segundo o documento, os ex-prisioneiros apresentam problemas físicos que podem ser relacionados ao aprisionamento. Barry Rosenfeld, professor de psicologia na Universidade Fordham, afirmou que alguns desses ex-prisioneiros estão, muitos anos depois, com sérias seqüelas. Ele analisou seis dos 11 detentos discutidos no estudo do Physicians for Human Rights. "É um testemunho de quão ruins essas condições foram e de quão pessoal foi o abuso." Um prisioneiro iraquiano identificado apenas como Yasser afirmou ter levado choques elétricos em três ocasiões e ter sido sodomizado com um bastão. Seus polegares apresentam cicatrizes arredondadas que poderiam indicar choques, segundo o documento do grupo de defesa dos direitos humanos. Outro iraquiano, Rahman, relatou que foi humilhado e forçado a vestir roupas íntimas femininas, despir-se e desfilar diante de mulheres que trabalhavam como guardas. Posteriormente, foram mostradas imagens dele nu para os outros detentos. Um exame psicológico comprovou que Rahman sofre de estresse pós-traumático e tem problemas sexuais relacionados a essa humilhação, indicou o trabalho. Sete dos detentos pesquisados foram mantidos em Abu Ghraib, no Iraque, entre o fim de 2003 e 2004 - período que coincide com os conhecidos abusos realizados pelos carcereiros no local. Os outros quatro ficaram na prisão da Baía de Guantánamo, Cuba, desde 2002, por períodos de um a cinco anos. Todos esses prisioneiros foram liberados sem acusações. Ou foram considerados inocentes ou haviam cometidos delitos leves demais para se justificar uma detenção militar. O Physicians for Human Rights é um grupo sediado em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts. O documento divulgado pela entidade é o mais abrangente trabalho médico sobre os ex-detentos publicado até o momento, ligando as histórias de abusos aos problemas físicos e psicológicos das vítimas. O grupo aponta ter encontrado evidências de tortura e crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos. Afirma ainda que alguns dos profissionais de saúde militares do país permitiram o abuso de detentos, negando cuidados médicos e fornecendo informações confidenciais aos interrogadores, que as exploravam.

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