postado em 18/06/2008 14:04
Jerusalém - Dois oficiais do alto escalão do Exército de Israel são acusados de terem aceitado suborno em troca de ajudarem colonos judeus a roubarem terras na Cisjordânia, dizem os autos de um processo revelados nesta quarta-feira (18/06). Os dois oficiais estão lotados na Administração Civil, a unidade militar israelense responsável por administrar a Cisjordânia. Um deles, o tenente coronel Yair Blumenthal, era o responsável pela assinatura da comercialização de terrenos no território palestino, detalha o indiciamento, ocorrido ontem na Corte Distrital de Jerusalém.
Blumenthal é acusado de receber o equivalente a mais de 65 mil reais para que os negociantes de terras Yosef e Yaakov Amram tivessem acesso a formulários internos e a equipamentos militares que os ajudavam a concretizar transações fraudulentas por meio da falsificação de documentos. Entre outras coisas, o tenente coronel forneceu à dupla mapas aéreos secretos e escrituras de imóveis que os ajudavam a identificar terrenos cujos proprietários estavam ausentes, facilitando a falsificação dos documentos para a venda das terras, diz o documento.
Ainda de acordo com os autos, parte dos terrenos foi comprada por uma subsidiária do Fundo Nacional Judaico, uma entidade fundada há mais de um século para comprar terrenos para judeus na Terra Santa. O Exército não se pronunciou sobre o caso. Já o major Ehud Brosh, diretor da divisão de terras em uma unidade jurídica da Administração Civil da Cisjordânia, é acusado de ter recebido somas não especificadas em dinheiro e férias pagas em Israel e no exterior em troca de ajudar os irmãos Amram a tocarem seus negócios.
Entre outras coisas, o major forneceu à dupla detalhes pessoais dos proprietários das terras, inclusive informações sobre quais estavam vivos ou mortos. O caso veio à tona depois que os herdeiros de Said Ali Salah Addin, um ex-ministro de governo da Jordânia, terem descoberto que mais de 50 acres de terras perto de Jericó em nome do pai deles haviam sido vendidos ao Fundo Nacional Judaico, informou o jornal israelense Haaretz. Os irmãos Amram, por sua vez, foram acusados de suborno, agressão, extorsão e sonegação de impostos.