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Trégua entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza entra em vigor

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postado em 19/06/2008 08:20
GAZA - Uma trégua entre o grupo radical islâmico palestino Hamas e Israel, negociada com a mediação do Egito, entrou em vigor nesta quinta-feira (19/06), após meses de violência. "A trégua entrou em vigor às 6h0 (0h de Brasília", anunciou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri. "O Hamas está determinado a respeitar o acordo de trégua e garantizar seu êxito", completou, antes de pedir à "ocupação (Israel) para que também o respeite". Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, afirmou que Israel "respeitará todos os compromissos assumidos com os pactos obtidos pelo Egito". "Mantemos os olhos bem abertos sobre o que acontece no local", acrescentou. O acordo de cessar-fogo prevê o fim dos disparos dos foguetes palestinos contra Israel e dos ataques das tropas do Estado hebreu. Também prevê a suspensão progressiva do bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, área de apenas 362 quilômetros quadrados com 1,5 milhão de palestinos. O calendário da trégua também prevê a reabertura progressiva das passagens de estrada entre Israel e Gaza, fechadas de modo quase permanente desde que o Hamas tomou o controle do território em junho de 2007. "A partir de domingo prevemos aumentar as quantidades de mercadorias que passam pelos terminais de Sufa e Nahal Oz", reconheceu Peter Lerner, porta-voz do ministério da Defesa. A trégua foi negociada com a mediação do Egito, já que Israel se nega a falar diretamente com o Hamas, por considerar o grupo uma organização terrorista. Os radicais palestinos, por sua parte, afirmaram que a trégua vai durar seis meses, mas muitas vozes a consideram frágil. "Esta trégua é frágil e pode ser breve. O Hamas não mudou" disse na quarta-feira Olmert. O líder da oposição israelense conservadora, Benjamin Netanyahu, chamou a trégua de "grave erro". "É um acordo que permitirá ao Hamas se reforçar e armar", disse. Pouco antes do início da trégua, um palestino morreu e dois foram feridos por disparos israelenses ao sul de Gaza. O Hamas exige a reabertura da passagem de Rafah, entre Gaza e o Egito, que não pode acontecer sem a aprovação de Israel. Porém, o governo israelense condiciona a mesma à libertação do soldado Gilad Shalit, seqüestrado em Gaza em junho de 2006. Pouco depois do início do cessar-fogo, Israele anunciou a viagem de Olmert na próxima terça-feira ao Egito para uma reunião com o presidente Hosni Mubarak. "Os dois dirigentes acertaram há duas semanas discutir questões regionais e bilaterais", afirma uma nota oficial. Desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza - em detrimento do movimento moderado do presidente palestino Mahmud Abbas -, os disparos de foguetes contra Israel deixaram quatro mortos. A repressão israelense deixou centenas de mortos entre os palestinos. Abbas se prepara para iniciar um diálogo com o Hamas depois de um ano de ruptura. Os habitantes de Sderot, a cidade israelense mais afetada pelos foguetes palestinos, demonsram poucas expectativas. "Já tivemos muitas tréguas e nenhuma se manteve. Só vão parar de disparar foguetes quando enviarmos nossos tanques a Gaza", disse Micha Hazan, um jovem israelense de 22 anos.

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