postado em 19/06/2008 17:05
A Argentina está exportando soja proveniente do Paraguai para suprir a falta de estoques da leguminosa e seus derivados nos portos do centro-leste do país, devido ao locaute agrário de mais de 100 dias e que afeta o abastecimento de alimentos e insumos no mercado interno. "Estamos exportando apenas a soja que chega em barcaças do Paraguai e não dos campos argentinos como se faz normalmente neste período do ano", disse Patricia Bergero, subdiretora da Direção de Estudos Econômicos da Bolsa de Comércio de Rosário, 300 km ao norte de Buenos Aires.
Bergero assinalou que as grandes empresas exportadoras com fábricas na zona portuária recebem o grão de soja paraguaio e o processam para transformá-lo em farinhas e óleos, setores nos quais a Argentina é líder exportador mundial. A Bolsa de Rosário mantém paralisadas suas atividades, e nos últimos cinco dias não foi registrada qualquer entrada de caminhões com cereais no porto, ante os 4.500 de igual período do ano passado, o que ameaça ainda mais o cumprimento dos prazos das vendas externas.
"A Argentina já está cumprindo os contratos de venda de farinha de soja com a União Européia, e de óleos e grãos de soja com a China e outros países asiáticos", disse Bergero, calculando milionárias perdas para o setor nos próximos meses por falta de estoque. China e Índia estão entre os principais destinos da soja argentina, e seu lucro milionário motivou o mais grave protesto agrário da história do país em março passado, quando produtores se rebelaram contra um esquema de tributos a exportações de grãos, por considerá-lo confiscatório.