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Mugabe só deixará o poder quando terras da maioria negra do Zimbábue forem devolvidas

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postado em 20/06/2008 09:42
HARARE - O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, afirmou que pretende permanecer no poder até que todas as terras sejam restituídas à maioria negra do país, enquanto a União Européia acentuou a pressão para que a repressão política chegue ao fim, a uma semana da eleição presidencial. "Quando estiver seguro de que este legado (as terras) está realmente em suas mãos, então poderei dizer: bem, o trabalho está feito", disse Mugabe, citado pelo jornal The Herald, a voz do regime. "Caminho por esta terra, cultivo esta terra, durmo nela... é nosso verdadeiro legado", acrescentou Mugabe segundo The Herald, que citou as palavras proferidas pelo presidente em dois comícios organizados no oeste do Zimbábue, a uma semana do segundo turno da eleição presidencial, no dia 27 de junho. O presidente, de 84 anos, no poder desde a independência do Zimbábue, em 1980, iniciou há uma década uma caótica reforma agrária que até agora causou a expropriação de 4 mil fazendeiros brancos pelo Estado zimbabuano. A oposição denuncia uma campanha de violência iniciada pelo governo de Mugabe antes da eleição de 27 de junho na qual 70 opositores teriam morrido. Devido a esse contexto, a União Européia (UE) advertiu na sexta-feira que está preparada para adotar novas sanções contra os responsáveis pela violência política no Zimbábue, em alusão ao governo de Mugabe. A Comissão Européia é o principal doador do país africano, para o qual enviou no ano passado 90,7 milhões de euros em assistência humanitária e outras ajudas para a população. "A violência praticada até agora, a intimidação e as medidas tomadas contra as ONGs para suspender a ajuda e o acesso internacional às zonas rurais avivam os temores do povo zimbabuano e da comunidade internacional sobre as condições nas quais será realizada a eleição, essencial para o futuro do Zimbábue", ressalta o texto, que será submetido à aprovação dos dirigentes europeus reunidos na reunião de cúpula de Bruxelas. "O Conselho Europeu reitera que está preparado para adotar medidas adicionais contra os responsáveis pela violência", aponta o documento. A Grã-Bretanha, ex-potência colonial do Zimbábue, defenderá o endurecimento da posição da UE em relação a Mugabe antes do segundo turno das eleições presidenciais de 27 de junho. A UE já reforçou em junho de 2007 suas sanções impostas em 2002 ao regime zimbabuano devido à repressão contra a oposição e à violação dos direitos humanos. Mugabe, de 84 anos e há 28 no poder, é acusado de ter intensificado a repressão às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 27 de junho, no qual tentará derrotar o líder opositor Morgan Tsvangirai. Muitos denunciam que por causa das reformas de Mugabe, algumas das propriedades mais produtivas do país estão nas mãos de pessoas sem experiência ou de aliados do regime. Famoso no passado por sua florescente agricultura, o Zimbábue atravessa uma dura crise econômica com a inflação mais alta do mundo e a escassez de alimentos.

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