postado em 21/06/2008 08:59
A engenheira de sistemas Soraya Bittencourt é mineira de Belo Horizonte e tem 48 anos. A contadora Lucila Oliveira, de mesma idade, é carioca nascida no Rio de Janeiro. Além do fato de serem profissionais bem-sucedidas nos Estados Unidos, elas compartilham os mesmos planos. Querem ter filhos e ser felizes. Juntas, como vêm fazendo desde 1983. Soraya e Lucila aproveitaram a decisão da Suprema Corte norte-americana para transformar o sonho em realidade após a longa espera: no próximo dia 16 de agosto, elas vão trocar alianças e assinar o contrato de união civil. "Um amigo padre vai oficializar nosso casamento, depois que recolocarmos nossas alianças", afirmou Soraya ao Correio. "Mais do que qualquer outra coisa, casar é um direito humano", acrescentou. Esse direito foi adquirido pelos gays e lésbicas - são cerca de 102 mil casais na Califórnia - em 15 de maio, quando a máxima instância do Judiciário declarou inconstitucional uma lei que proíbia casamentos de pessoas do mesmo sexo.
O casamento deve trazer a Soraya uma série de benefícios. "São vários direitos, como o de visitar a pessoa no hospital, ter filhos, comprar imóveis, entre outros", enumera a engenheira de softwares que mantém uma empresa na cidade de Mountain View, a 40 minutos de carro de San Francisco. Apesar da necessidade de gerenciar os 48 funcionários, a mineira ainda arruma tempo para planejar, com detalhes, o grande dia.
A festa vai ocorrer à beira da piscina, na casa delas, situada em Redwood City, perto de San Francisco. "Já convidamos 80 pessoas, serviremos comida árabe ; adoramos! ; e mexicana, já que aqui na Califórnia é muito requisitada", contou Soraya. Uma banda e amigos músicos do casal serão responsáveis pela animação. "O Zé Luiz, irmão da Lucila e ex-saxofonista do Caetano Veloso, também vai tocar", confidenciou. Embalados pelo som, os convidados vão acompanhar a trajetória das novas cônjuges. "Terá som, bebidas, enfim, você sabe%u2026 Será uma festa de brasileiros", empolga-se a empresária. Lucila e Soraya já pretendiam marcar as bodas de prata da união "informal" com uma festa, que agora ganhou motivo ainda mais especial.
Ambas consideram o momento "histórico". "A decisão da Califórnia pode puxar esse tipo de reconhecimento a nível federal", admitiu Soraya. Com a ajuda de advogados, ela e a companheira já haviam providenciado contratos e procurações para vários aspectos da vida comum. Nos termos legais, elas devem se casar no regime de comunhão total de bens. "Aqui nos Estados Unidos não existe esse tipo de diferenciação, e o que conta é tudo o que conseguimos depois de juntas", explicou.