postado em 21/06/2008 21:22
Uma vala comum com cerca de 800 corpos, a maioria de civis, foi encontrada em Grozny, capital da Chechênia, informou um representante dos direitos humanos nesta sexta-feira.
"Um morador de Grozny, Arbi Tuzhayev, procurou Nurdi Nukhadzhiyev, representante dos direitos humanos na Chechênia, para apontar o local, dentro de um cemitério cristão, onde 800 pessoas foram enterradas em uma vala comum entre 2 de janeiro e 31 de outubro de 1995", relatou a porta-voz de Nukhadzhiyev, Rosa Satuyeva.
Nurdi Nukhadzhiyev é o representante russo dos direitos humanos na Chechênia.
"Ele afirmou ter trabalhado com a equipe de voluntários que coletava e enterrava corpos em 1995, durante os enfrentamentos em Grozny. Além disso, nos disse que a maioria dos corpos pertence a civis", explicou Satuyeva.
De acordo com Tuzhayev, "as ruas e estradas da cidade estavam cobertas de corpos de soldados, guerrilheiros e civis, e encontrávamos vários deles já em processo de decomposição".
Os cadáveres eram levados a um local indicado pelo Exército, que "fotografava, registrava e descrevia os corpos, e cada um deles recebia um número", continuou Satuyeva.
Três violentas batalhas aconteceram em Grozny pelo controle da capital - duas delas envolvendo a força aérea e a artilharia russas, que bombardearam e destruíram a maior parte da cidade.
Não há estatísticas oficiais sobre o número de mortos ao longo dos 11 anos de conflito na Chechênia, que começou quando tropas russas invadiram o país para sufocar uma rebelião separatista, em 1994.
Organizações de direitos humanos calculam que cerca de 100.000 civis, num universo populacional de 1 milhão de pessoas, tenham morrido. Aproximadamente 10.000 soldados russos foram mortos em combate, segundo o Exército, embora organismos independentes afirmem que este número seja pelo menos duas vezes mais alto.
Ativistas dos direitos humanos já encontraram 60 valas comuns na Chechênia, e o processo de exumar e identificar os corpos continua sendo uma questão bastante problemática.