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Inspetores da AIEA vão à Síria pela primeira vez

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postado em 22/06/2008 14:51
Uma equipe de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) viajou neste domingo (22/06) à Síria para investigar um suposto centro nuclear bombardeado por Israel no ano passado. "Estamos indo agora para Damasco, onde vamos nos encontrar com nossos colegas. Depois, começaremos a reunir dados", declarou o chefe da missão, Olli Heinonen, número dois da AIEA, ao deixar Viena. A visita dos inspetores da agência, a primeira do gênero à Síria, é mantida em sigilo pelas autoridades, e nenhuma informação sobre a chegada da equipe a Damasco havia sido publicada no fim da tarde deste domingo. Durante sua missão de 22 a 24 de junho, anunciada no início deste mês pelo diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, os inspetores devem ir para o centro de Al-Kibar, na região desértica de Deir-Ezzor (centro-leste da Síria), que escondia, segundo Washington, um reator nuclear construído com a ajuda da Coréia do Norte. A aviação israelense bombardeou o local em setembro de 2007. Em abril, os americanos divulgaram documentos secretos sugerindo que a construção das instalações estava quase terminando no momento do bombardeio israelense. A Síria, aliada do Irã, desmentiu as "alegações ridículas" dos Estados Unidos, afirmando que se tratava na verdade de um "edifício militar não utilizado". Porém, depois do bombardeio, Damasco se apressou em limpar todos os destroços, o que pode complicar a missão da AIEA. Os resultados desta missão serão publicados num relatório que deverá ser discutido na próxima reunião da AIEA, em setembro em Viena. "A Síria convidou a AIEA, e vai cooperar com ela. Desejamos que uma delegação venha à Síria e visite o suposto centro nuclear", declarou recentemente o presidente sírio, Bachar al-Assad. Assad qualificou de "totalmente fabricadas" as acusações americanas, denunciando uma campanha de pressão lançada contra Damasco por seu apoio ao "terrorismo". ElBaradei pediu à Síria que cooperasse com os inspetores, mas afirmou numa entrevista à rede de TV al-Arabiya que não há provas de que a Síria dispõe "dos peritos ou do combustível necessários para desenvolver um amplo programa nuclear". Citando relatórios dos serviços secretos alemães, a revista alemã Der Spiegel afirma em sua edição de segunda-feira que a Coréia do Norte, o Irã e a Síria tinham o projeto de construir um reator nuclear com fins militares no local sírio destruído pelas bombas israelenses. Segundo a Der Spiegel, Pyongyang devia ajudar os cientistas iranianos a progredirem em seu programa nuclear, e al-Kibar devia servir de local provisório para permitir ao Irã desenvolver a bomba atômica. Numa matéria publicada em 10 de junho pelo jornal sírio al-Watan, o analista sírio Ibrahim Darraji declarou: "a visita acontecerá com a total autorização da Síria, que quer provar o caráter errôneo das alegações americanas e israelenses e evitar o conflito que alguns gostariam de provocar entre a Síria e a AIEA". De acordo com informações da imprensa americana, a agência deseja visitar um ou dois centros suplementares, o que Damasco rejeita. "Isso não é conforme ao acordo" entre a Síria e a AIEA, justificou o presidente Assad.

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