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Obama atrai ex-assessores de Bill Clinton, e McCain se afasta dos homens de Bush

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postado em 23/06/2008 11:25
WASHINGTON - O candidato democrata à presidência americana Barack Obama está cada vez mais cercado por pesos pesados da equipe do ex-presidente americano Bill Clinton, enquanto seu rival John McCain se distancia da Casa Branca de George W. Bush, apesar de assumir os dogmas do Partido Republicano. Desde que garantiu a candidatura democrata, Obama rearmou a equipe, sem por isto se afastar dos assessores que o acompanham desde o início da campanha. Sua afinidade com pessoas alheias ao microcosmos de Washington provocou algumas gafes, como quando uma conselheira (não remunerada) de política externa, Samantha Powers, teve que se afastar da campanha depois de ter chamado Hillary Clinton de "monstro". Ou quando o economista Austan Goolsbee, também não remunerado, foi citado na imprensa canadense por ter dado a entender que Obama seria menos contrário ao Tratado de Livre Comércio da América do Norte do que aparentava na campanha. Porém, criticado pela falta de experiência, já que está há menos de quatro anos no Senado, Obama atraiu pesos pesados formados no governo de Bill Clinton (1993-2001). Ele conseguiu o apoio de ex-congressistas respeitados, como o ex-presidente da comissão das Relações Exteriores Sam Nunn e o o ex-co-presidente da comissão independente de investigação dos atentados de 11 de setembro de 2001, Lee Hamilton. Sua principal porta-voz em política estrangeira é Susan Rice, ex-subsecretária de Estado para a África. A equipe ganhou ainda mais força na quarta-feira passada, com o anúncio de um "grupo de trabalho de alto nível", com símbolos da era Clinton: os ex-secretários de Estado Madeleine Albright e Warren Christopher, além do ex-secretário de Defesa William Perry. Um fato que pode beneficiar a economia foi a designação de Jason Furman, ligado ao secretário do Tesouro de Clinton, Robert Rubin, como diretor de política econômica. Obama, no entanto, não hesitou em se afastar do mundo de Washington, ao ponto de ter instalado parte da equipe em seu reduto de Chicago, ao invés de na capital. Seu estrategista é David Axelrod, nascido em Nova York mas morador de Chicago há décadas, que sempre se recusou a se mudar para Washington. Este também é o caso de David Plouffe, arquiteto da campanha anticonformista que permitiu a Obama levar a candidatura democrata, graças ao acúmulo de vitórias em estados pequenos que não tiveram tanta atenção da rival Hillary Clinton. Ao mesmo tempo, entre os principais conselheiros de McCain há poucos nomes conhecidos pelo público e nenhum diretamente ligado ao impopular governo Bush. Porém, em termos de política estrangeira os que dominam sua equipe são neoconservadores, a influente corrente de pensamento que inspirou a ação de Bush desde os atentados de 11 de setembro. Este é o caso de Randy Scheunemann, sua principal porta-voz para política externa, que em 2002 fundou o Comitê para a Libertação do Iraque, que promoveu a guerra iniciada no ano seguinte. Scheunemann e Robert Kagan, outro assessor de McCain, coordenam o neoconservador Project for a New American Century, que defende uma linha dura em relação a Iraque, Irã, Cuba e Coréia do Norte, e até mesmo com a Rússia, a qual propõe excluir do G8. Na economia, as inspirações de McCain são muito diversas. Seu principal porta-voz econômico é Douglas Holtz-Eakin, ex-diretor da Agência de Orçamento do Congresso, ferrenho defensor da ortodoxia orçamentária e pronto para denunciar os programas sociais prometidos por Obama. Parte da área econômica foi entregue a Carly Fiorina, ex-presidente da Hewlett-Packard e criticada no mundo empresarial por ter comandado a difícil fusão com a Compaq. Na área da justiça, na qual manifestou divergências com Bush no Senado, McCain utiliza cada vez mais o ex-prefeito nova-iorquino Rudolph Giuliani, assim como o ator Fred Thompson, ex-adversários dele nas primárias.

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