postado em 23/06/2008 16:45
HAVANA - Fidel Castro voltou a atacar a União Européia (UE) pelo terceiro dia consecutivo, considerando "hipócrita" a suspensão das sanções contra Cuba como forma de pressão pelos direitos humanos, enquanto o governo de seu irmão Raúl continua sem expressar qualquer reação à decisão do bloco.
"Nunca torturamos ninguém, nem tiramos a vida de ninguém através de métodos extrajudiciais", disse o convalescente ex-ditador cubano no domingo em um comentário divulgado no site oficial Cubadebate.
Para Fidel, a afirmação de que em Cuba há tortura é uma "calúnia" repetida "milhões de vezes", e que não é uma "brincadeira" sua acusação de que a UE viola os direitos humanos dos imigrantes e cala perante os abusos cometidos pelo governo de George W. Bush.
"Se a Europa toma medidas diplomáticas contra Cuba alegando defender esses direitos, por que não são adotadas medidas contra os Estados Unidos pelo genocídio de Bush no Iraque e pelas milhares de pessoas presas sem julgamento e torturadas durante anos lá e em qualquer parte do mundo"? questionou.
Fidel publicou seus três artigos (na sexta, no sábado e no domingo) depois que os chanceleres dos 27 países membros da UE concordaram na quinta-feira passada em derrubar definitivamente as medidas impostas em 2003 (e suspensas em 2005). A decisão foi adotada oficialmente nesta segunda-feira (23/06), depois de adiada a pedido da Suécia por motivos de procedimento.
Afastado do poder há 23 meses por motivos de saúde, Fidel, de 81 anos, qualificou como "uma enorme hipocrisia" a decisão dos chancelers, que estabelece uma revisão anual da suspensão das medidas, sujeita a avanços na área dos direitos humanos registrados na ilha.