postado em 25/06/2008 10:56
HARARE - O líder da oposição no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, deixou nesta quarta-feira (25/06) a embaixada da Holanda, onde havia se refugiado no domingo, e convocou a imprensa em sua residência na capital Harare. Em sua primeira declaração, Tsvangirai pediu aos países africanos que 'passem imediatamente à ação' no caso das eleições de sexta-feira, que serão realizadas sem a participação da oposição.
"Peço aos chefes de Estado africanos que discutam esta crise", afirmou Tsvangirai. "Não pode haver esforços de mediação em tempo parcial. A hora da ação é agora. O povo deste país não pode continuar esperando", acrescentou. O líder opositor também pediu o envio de soldados de manutenção de paz a seu país. "Não peço uma intervenção militar e sim uma força de manutenção da paz", afirmou, ao se defender das críticas publicadas num artigo do jornal britânico The Guardian nesta quarta-feira, no qual pediu à ONU que promova o "isolamento ativo" do regime de Robert Mugabe, o que requeriria "uma força para proteger o povo".
Os líderes da África Austral discutem nesta quarta, na Suazilândia, a situação no Zimbábue. Mas a África do Sul, principal potência regional, descartou uma ação militar no território do país vizinho. "Não pensamos que uma intervenção militar seja necessária no Zimbábue", declarou o vice-ministro sul-africano das Relações Exteriores, Aziz Pahad. Tsvangirai igualmente exigiu a libertação de todos os presos políticos como condição para qualquer negociação com o poder.
"Não haverá nenhuma discussão sobre o futuro sem nosso secretário-geral (do Movimento para a Mudança Democrática MDC), Tendai Biti", declarou o político referindo-se ao partidário que se encontra na prisão acusado de subversão, delito passível de pena de morte. "Todos os presos políticos devem ser libertados imediatamente, incluindo Biti e outras 2 mil pessoas", acrescentou.
A pressão aumentou nos últimos dias sobre o regime do presidente zimbabuano Robert Mugabe, que está decidido a celebrar na próxima sexta-feira o segundo turno da eleição presidencial, apesar da desistência da oposição. Tsvangirai se asilou de forma temporária na delegação diplomática depois de retirar sua candidatura do segundo turno da eleição presidencial em função da onda de violência e repressão que impera em seu país.