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Oposição de Harare propõe acordo e grupo africano pede adiamento do 2º turno

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postado em 25/06/2008 14:29
HARARE - O líder da oposição no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, deixou por algumas horas nesta quarta-feira (25/06) a embaixada da Holanda, onde havia se refugiado, e convocou a imprensa em sua residência na capital Harare, onde se declarou disposto a um acordo político com o governo do Zimbábue antes do segundo turno presidencial de sexta-feira, mas os países da África Austral pediram um adiamento da votação. "Proponho um acordo político negociado que permita ao país iniciar um saneamento nacional e um processo de reconstrução econômica, de ajuda humanitária e de democratização, visando ao interesse do país", explicou. Tsvangirai, no entanto, condicionou essa negociação à libertação de todos os presos políticos. "Não haverá nenhuma discussão sobre o futuro sem nosso secretário-geral (do Movimento para a Mudança Democrática MDC), Tendai Biti", declarou o político referindo-se ao partidário que se encontra na prisão acusado de subversão, delito passível de pena de morte. "Todos os presos políticos devem ser libertados imediatamente, incluindo Biti e outras 2 mil pessoas", acrescentou. Tsvangirai pediu aos países africanos que 'passem imediatamente à ação' no caso das eleições de sexta-feira, que serão realizadas sem a participação da oposição. "Peço aos chefes de Estado africanos que discutam esta crise", afirmou Tsvangirai. "Não pode haver esforços de mediação em tempo parcial. A hora da ação é agora. O povo deste país não pode continuar esperando", acrescentou. O líder opositor também pediu o envio de soldados de manutenção de paz a seu país. "Não peço uma intervenção militar e sim uma força de manutenção da paz", afirmou, ao se defender das críticas publicadas num artigo do jornal britânico The Guardian nesta quarta-feira, no qual pediu à ONU que promova o "isolamento ativo" do regime de Robert Mugabe, o que requeriria "uma força para proteger o povo". Tsvangirai pediu ainda um período de transição supervisionado pela União Africana (UA) para que seu "país possa se curar". A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pediu nesta quarta-feira o adiamento do segundo turno da eleição presidencial no Zimbábue, em um comunicado difundido ao término da reunião de sua comissão de segurança na capital da Suazilândia. O secretário-geral da SADC (que reúne 14 países), Thomaz Salomao, pediu que o Zimbábue examine a possibilidade de adiar a votação para outro dia. "A situação política não parece permitir a celebração de um segundo turno da eleição para que seja livre e equitativa", declarou ao ler o comunicado. Mas, segundo a Comissão Eleitoral do Zimbábue, anunciou nesta quarta que o segundo turno será realizado de qualquer forma na sexta-feira e rejeitou a retirada de Tsvangirai. "Por unanimidade foi acertado que a retirada foi anunciada fora do tempo previsto e, por essa razão, não terá nenhum efeito ou força legal", declarou o presidente da comissão, George Chiweshe. "Portanto, vamos proceder com o segundo turno da eleição presidencial na sexta-feira", conclui. A pressão aumentou nos últimos dias sobre o regime do presidente zimbabuano Robert Mugabe, que está decidido a celebrar o segundo turno. A Grã-Bretanha, por exemplo, retirou de Mugabe seu título honorário de cavaleiro devido a seu "desprezo abjeto" pela democracia, anunciou hoje o Foreign Office. Mugabe havia recebido essa condecoração britânica em 1994 de mãos do então primeiro-ministro conservador, John Major. A rainha Elizabeth II aprovou a anulação, como foi proposto pelo ministro britânico das Relações Exteriores, David Miliband. Depois da coletiva, Tsvangirai voltou para a delegação diplomática holandesa, onde se asilou de forma temporária depois de retirar sua candidatura do segundo turno da eleição presidencial em função da onda de violência e repressão que impera em seu país.

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