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Michelle Obama é nova Jackie O., dizem democratas

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WASHINGTON - Michelle Obama, de 44 anos, mulher do virtual candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, é saudada pelos correligionários como a nova Jackie Kennedy, mas vem sendo alvo de duros ataques, que incluem acusações de antiamericanismo, arrogância e até de racismo. Se, por um lado, ela é elogiada por sua graça e por sua inteligência pelos admiradores, por outro, foi apelidada de "metade amarga" do senador por Illinois (norte dos EUA) e de "Dona Reclamação" pela mídia conservadora, que a acusa de alimentar um rancor em relação aos brancos e de se queixar constantemente. Uma pesquisa publicada esta semana pelo centro de pesquisas americano Pew revelou que os americanos a consideram mais controversa do que Cindy McCain, esposa do candidato John McCain. De acordo com essa enquete, 28% dos 1.006 entrevistados disseram já ter ouvido comentários negativos sobre Michelle na imprensa, contra apenas 7% para Cindy. A sondagem foi realizada no início de junho. Agora, Michelle se esforça para melhorar sua imagem. Para isso, contará com a ajuda de Stephanie Cutter, ex-porta-voz do candidato John Kerry em 2004, que assumiu, esta semana, a equipe de campanha da mulher do senador. Na quarta-feira, Michelle participou de um programa de TV voltado para as donas-de-casa e transmitido no fim do dia, pela rede ABC. Sua aparição em The View valeu vários elogios - do jeito de vestir à inteligência - a essa mãe de duas crianças e de porte longilíneo (ela mede 1,82 m). "Ela pareceu incrivelmente brilhante", disse à AFP Frank Settipani, médica do Colorado (oeste), sobre essa mulher formada em Princeton e em Harvard. Ela foi "a imagem da graça, do estilo e uma extraordinária inteligência" ao longo do programa, escreveu Thyra Lees-Smith, na página do Facebook (um site de relacionamentos) de Dona Michelle. Cara Berg Rainey, soldado no Exército americano, saudou Michelle que tem, acredita, "os mesmos ideais de beleza e de elegância que Jackie O. levou para a Casa Branca". Conquistar os americanos apenas por sua inteligência e sua graça não é, contudo, suficiente. Michelle também precisa apagar as críticas na imprensa. Os veículos de comunicação, assim como sua rival, Cindy McCain, colocaram seu patriotismo em xeque, depois que ela declarou, em fevereiro passado, a uma multidão de eleitores: "pela primeira vez em minha vida adulta, estou realmente orgulhosa do meu país". O gesto cúmplice com os punhos, que trocou com seu marido na noite de sua vitória na disputa com Hillary Clinton, também foi qualificado de "saudação terrorista" pelo canal FOX News - que se desculpou em seguida. Durante o programa, Michelle Obama falou dessas acusações e saudou a platéia com o mesmo gesto, explicando que está na última moda. Ao ser questionada sobre o episódio ocorrido em fevereiro, ela respondeu: "sou uma garota que cresceu em um bairro de operários em Chicago. Deixem-me dizer a vocês que, sim, estou orgulhosa. Em nenhum outro lugar do mundo que não a América minha história teria sido possível". Ela também "defendeu seu patriotismo, contou seu início modesto e saudou Hillary Clinton e Laura Bush - tudo isso enquanto conversava alegremente sobre seu horror à meia-calça e sobre seu amor por bacon", comentou Michael Saul, jornalista político do New York Daily News, no dia seguinte à entrevista.