postado em 26/06/2008 18:21
A Somália necessita de ajuda médica urgente para salvar milhares de crianças malnutridas e adultos feridos que perecem em um dos mais violentos países do mundo, alertou nesta quinta-feira (26/06) o grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras. Segundo o diretor de operações do grupo, Bruno Jochum, o Médicos Sem Fronteiras trataram, apenas em maio, 2.500 crianças desnutridas no empobrecido cinturão humano ao redor de Mogadiscio, a capital somali. Desde o início do ano, mais de 2.000 adultos receberam tratamento por ferimentos graves na região.
"A Somália não está mais à beira de uma catástrofe, o desastre já está ocorrendo neste exato momento", disse Jochum. "A situação é trágica e nós não temos capacidade para fornecer a ajuda necessária para prevenir uma iminente deterioração." A Somália não possui um governo funcional desde 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre do poder e se voltaram uns contra os outros. Milhares de civis foram assassinados no país desde o ano passado, em meio a disputas sobre lealdade a antigos clãs, religião e governo.
No meio disso, com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU), uma administração transicional foi estabelecida em 2004, mas acabou falhando em tomar o controle do país. Depois que militantes islâmicos tomaram Mogadiscio e a maior parte do sul somali, o governo pediu ajuda à Etiópia, que enviou tropas e respondeu aos conflitos com força mortal. Agora, a crise se agrava graças aos altos preços dos alimentos e uma devastadora seca que se abateu sobre o país africano.
Risco
Apesar da necessidade urgente de ajuda na Somália, funcionários de agências humanitárias realizam seu trabalho correndo riscos. O próprio Médicos Sem Fronteiras foi obrigado a retirar seu pessoal estrangeiro do país depois que três deles foram mortos em explosões de minas terrestre este ano. Nesta quinta, a agência conclamou para que todos os lados do conflito "garantam a segurança e o acesso irrestrito" dos funcionários humanitários.
Os insurgentes islâmicos prometeram assassinar trabalhadores humanitários estrangeiros depois que um míssil norte-americano matou o chefe da milícia islâmica Islamit al-Shabad, Aden Hashi Ayro, e outras 24 pessoas em maio. Ayro era conhecido como principal comandante da Al-Qaeda na Somália e estava ligado a uma série de ataques contra funcionários de agências humanitárias e jornalistas.