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Cristina Kirchner enfrenta debandada de políticos aliados

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postado em 26/06/2008 21:53
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enfrenta uma nova complicação em seu já tumultuado governo de apenas sete meses. Desta vez, o problema é a fuga de deputados e senadores. A cada dia, o governo enfrenta mais dificuldades para manter seus parlamentares a favor da aprovação do polêmico projeto de lei que a presidente enviou ao Congresso Nacional na semana passada e que determina o aumentos dos impostos para as exportações de produtos agrícolas. O pacotaço tributário ao setor agropecuário desatou em março a ira dos ruralistas, que nos últimos 107 dias realizaram quatro locautes. Estimativas dos analistas indicam que quase 40 deputados do governista Partido Justicialista (Peronista) e da sublegenda peronista Frente pela Vitória (criada pelo marido de Cristina, o ex-presidente Néstor Kirchner), além de outros 15 que pertencem a partidos aliados, deixaram de lado a obediência total ao casal Kirchner e passaram às fileiras ruralistas. O próprio vice-presidente, Julio Cobos, posou com governadores ex-aliados, atualmente opositores. O governador de Chubut, Mario das Neves, embora formalmente seja um aliado, disse nesta quinta-feira (26/06): "Sou peronista, mas não kirchnerista". A maioria dos dissidentes é de parlamentares cujas bases eleitorais estão nas áreas agrícolas. O perigo para os Kirchner, afirmam analistas, é que esta dissidência, circunstancialmente ocorrida por causa do projeto sobre a questão ruralista, torne-se algo permanente e implique em perda de poder para a presidente. Desta forma, Cristina perderia a confortável maioria que tem no Parlamento. Os dissidentes querem implementar alterações ao projeto do governo, de forma a torná-lo mais "potável" para os ruralistas. Nesta quinta, o governo admitiu a possibilidade de aceitar modificações e deixar de lado a "blindagem" do projeto. Uma das opções implicaria em aceitar o abandono da faixa de mais de 45% para os impostos às exportações de cereais e oleaginosas e reduzi-los para 39,5%, mais uma devolução de 5%. Antes da rebelião ruralista, eram de 35%.

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