postado em 27/06/2008 08:00
HARARE - O Zimbábue comparece às urnas nesta sexta-feira (27/06) para uma eleição presidencial na qual Robert Mugabe tem a vitória garantida, já que é o único candidato depois da desistência do líder da oposição, Morgan Tsvangirai, que qualificou a jornada de "dia de humilhação e vergonha para o país". Os quase 9 mil locais de votação abriram as portas às 5h GMT (2h de Brasília) em um ambiente sombrio. As portas permanecerão abertas até 17h GMT (14h de Brasília) e 5,9 milhões de zimbabuanos estão registrados.
"Fiquei na porta desde às três da manhã, mas fui o único. Estou nervoso. Sinto que tenho que participar porque amo meu país", declarou Danger Zvenbabvu, de 50 anos, a única pessoa que aguardava a abertura do portão de um local de votação no centro de Harare. Mugabe - de 84 anos e que está desde 1980 no poder, data da independência do país - é o único candidato na disputa depois da desistência de Tsvangirai, que alegou a onda de violência contra seus partidários, que segundo ele deixaram 85 mortos.
O aparente comparecimento reduzido às urnas é um sintoma da tensão que domina uma jornada eleitoral definida por Tsvangirai, de 56 anos e líder do opositor Movimento pela Mudança Democrática (MCD), como um "dia de humilhação e vergonha" para o Zimbábue. "Hoje não é uma eleição. Hoje é um dia de humilhação e vergonha; é outro dia trágico na história de nossa nação", afirma Tsvangirai em uma carta aberta.
O líder do MCD derrotou Mugabe no primeiro turno, em 29 de março. Nas eleições, que também foram legislativas, o partido de Tsvangirai obteve maioria na Câmara dos Deputados, que pertencia ao movimento ZANU-PF de Mugabe há 28 anos. "O resultado da eleição de hoje não tem significado porque não reflete a vontade do povo do Zimbábue, apenas seu medo", acrescentou Tsvangirai, que pediu ainda à população que não compareça às urnas.