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Obama e McCain defendem reforma migratória em encontro com hispânicos

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postado em 28/06/2008 18:09
WASHINGTON - Os candidatos à presidência democrata, Barack Obama, e republicano, John McCain, defenderam neste sábado uma reforma migratória durante um encontro organizado por uma associação hispânica em Washington, no qual o candidato do governo foi interrompido várias vezes por protestos contra a guerra no Iraque. Os dois candidatos, convidados pela Associação Nacional de Funcionários Eleitos Hispânicos (Naleo, na sigla em inglês) num momento em que a disputa pelo voto latino parece cada vez mais acirrada, discursaram separadamente - apesar da insistência de McCain para que ele e o rival falassem no mesmo palanque. Obama disse que o voto hispânico será fundamental nas eleições de novembro, e que os Estados Unidos "não agiram de maneira séria para resolver este problema", referindo-se à imigração ilegal. Atualmente, cerca de 12 milhões de estrangeiros residem ilegalmente no país. Uma reforma que permita "uma caminho para a cidadania" para os ilegais "será uma de minhas prioridades desde o primeiro dia", caso chegue à Casa Branca, continuou Obama. O candidato democrata criticou a construção do muro na fronteira sul do país para impedir a passagem de imigrantes clandestinos vindos do México - admitindo, porém, que "em algumas áreas as barreiras fazem sentido". Obama elogiou o trabalho de McCain em relação à imigração - o senador republicano promoveu dois projetos de reforma que fracassaram no Congresso em 2006 e 2007 -, mas criticou o que considerou uma mudança de posicionamento de seu adversário para ganhar a indicação de seu partido. Foi exatamente a oposição ferrenha da ala mais conservadora do Partido Republicano que impediu a aprovação de uma reforma migratória nos últimos dois anos. McCain, que teve uma manhã bem menos confortável que seu oponente democrata - que recebeu mais tempo e aplausos durante o ato - disse que, uma vez eleito, a reforma migratória "será uma prioridade principal, ontem, hoje e amanhã". O senador pelo Arizona lembrou um projeto de reforma idealizado por ele em parceria com o democrata Ted Kennedy, que não foi aprovado no Congresso. "Fomos derrotados", afirmou. "Não conseguiremos nada no Congresso dos Estados Unidos até que tenhamos convencido o povo americano de que nossas fronteiras estão garantidas", continuou. Os dois candidatos responderam perguntas sobre a guerra no Iraque, que McCain apoiou em 2003 e Obama - que ainda não era senador na época da votação que aprovou a invasão - critica veementemente. "A guerra do Iraque deve ser conduzida a um final respeitável, responsável e honroso", declarou Obama, em meio a aplausos dos cerca de 400 presentes. O candidato democrata também disse que o custo de uma semana da guerra no Iraque equivale à ajuda exterior que os EUA dão anualmente à América Latina. "Esses homens e mulheres são meus irmãos e irmãs", dizia por sua vez McCain, referindo-se aos soldados de origem hispânica que combatem nas forças armadas americanas. Suas falas, no entanto, foram subitamente interrompidas - pela segunda vez - por uma mulher, que saiu da multidão chamando McCain de "criminoso de guerra". "McCain = Guerra", dizia um cartaz carregado pela mulher, de aproximadamente 45 anos. Ela foi retirada do salão onde acontecia o ato, em um hotel de Washington. Entretanto, quando foi detida e parou de falar, outra mulher com um cartaz escrito "Criminoso de Guerra" começou a gritar: "Traga nossas tropas de volta para casa. Você tem o poder para fazê-lo". "A guerra no Iraque foi terrivelmente mal administrada. Adotamos esta nova estratégia e estamos ganhando", argumentava McCain, quando um homem que se fazia passar por jornalista surgiu entre os repórteres gritando: "O envio de reforços falhou, o envio de reforços falhou". Os organizadores do encontro emitiram um pedido formal de desculpas ao candidato republicano, alegando que nenhuma das pessoas que protestou faz parte da Naleo. Segundo uma pesquisa divulgada na terça-feira pelo jornal Los Angeles Times, Obama registra uma vantagem de 12 pontos percentuais sobre McCain na corrida pela Casa Branca, com 49% das intenções de voto, contra 37% de seu rival.

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