postado em 29/06/2008 22:11
SUCRE - A indígena quechua Savina Cuéllar, forte adversária do presidente Evo Morales, venceu a disputa pela prefeitura de Chuquisaca nas eleições regionais deste domingo, resultado que traz mais um forte apoio para os departamentos rebeldes e complica ainda mais a situação do governo central boliviano.
Com a vitória de Cuéllar, ex-integrante da Assembléia Constituinte pelo partido de Morales, o mapa político do país se inclina agora a favor das regiões autonomistas de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, às quais aderiu também o prefeito de Cochabamba - embora este departamento tenha votado contra as autonomias em seu referendo de julho de 2006.
Agora, o presidente da Bolívia conta apenas com o apoio de Oruro, Potosí e La Paz (cujo prefeito, no entanto, já declarou sua simpatia pelo movimento autonomista). O triunfo de Cuéllar também põe em risco o referendo revogatório do dia 10 de agosto - no qual Morales colocará em jogo seu cargo, o de seu vice-presidente e o dos nove prefeitos do país -, já que a oposição se recusa a participar, exigindo, por outro lado, a antecipação das eleições gerais.
Cuéllar se afastou do presidente Morales em dezembro de 2007, quando a oposição de Sucre - capital de Chuquisaca - se rebelou contra a aprovação da nova Constituição e desatou uma violenta crise, que terminou com a morte de três pessoas e dezenas de feridos.
Apoiada por setores civis e empresariais de Chuquisaca, Cuéllar venceu com 55,5% dos votos. Em segundo lugar ficou o candidato governista, Wálter Valda, com 40,5% das preferências, com 100% dos votos contados, segundo dados extraoficiais da rede de televisão ATB.
Ao discursar pela vitória, Cuéllar sugeriu a convocação de um referendo nacional para definir a sede dos três poderes do Estado boliviano, que há um século foram instalados em La Paz - e que Sucre, ex-capital, reivindica de volta. Desde o ano passado, Chuquisaca lidera uma batalha para que Sucre volte a ser a capital plena da Bolívia, como foi declarada no momento da independência do país, em 1825.
Sucre é atualmente a sede do poder Judiciário boliviano, enquanto o Legislativo e o Executivo foram transferidos para La Paz no século XIX, após uma guerra civil.