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Papa Bento XVI surpreende com o sagrado e o profano

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postado em 30/06/2008 12:46
CIDADE DO VATICANO - O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, acaba de desmentir rumores que circulavam há três anos: Bento XVI não veste Prada e seus célebres mocassins de couro são vermelhos não por vaidade, mas para cumprir um simbolismo - em honra ao sangue dos mártires católicos. O incomun desmentido do Vaticano deixa entrever o mal-estar entre os especialistas em questões litúrgicas ante a multiplicação de comentários frívolos sobre o estilo do Papa alemão, que alguns chegaram a qualificar de "vintage", de outra época, o que dá um toque "retrô" às missas. No primeiro Inverno do seu papado, Bento XVI foi visto usando um camauro, o mais comum dos chapéus nos retratos papais históricos embora hoje em dia faça com que as pessoas o associem ao Papai Noel. O seu nome deriva do latim camelaucum (chapéu de pele de camelo), originalmente os chapéus dos imperadores bizantinos. Entrou no guarda-roupa do Papa no século VIII e até 1464 foi usado também pelos cardeais. Tem o uso prático de manter a cabeça quente no Inverno, sendo feito de lã ou veludo vermelho, com pêlo branco. João XXIII tinha sido o último Papa a usá-lo antes de Bento XVI. O atual Papa também retomou o uso da Mozetta, uma espécie de capa, que já não era vista desde o reinado do Papa Paulo VI. A capa curta pelos cotovelos, que cobre os ombros e é abotoada na frente. Tradicionalmente usada pelos bispos e superiores hierárquicos na Igreja Católica, as mitras podem ser altas e mais altas. Bento XVI prefere as últimas. O atual Papa tem sido visto usando a mitra alta de Pio IX. Seu apego pela tradição também pode ser traduzido numa espécie de manto comprido usado durante as celebrações litúrgicas. Aberto na frente e apertado no peito, esta peça de vestuário foi menos usada na Igreja Católica após as reformas de 1960 e 1970, mas Bento XVI restaurou o seu uso. Recentemente celebrou missa com uma capa larga, tão ampla que teve de ser segurada por dois acólitos. Desde outubro de 2007, um novo mestre das celebrações litúrgicas, monsenhor Guido Marini, um prelado discreto com um olhar expressivo e que se tornou a sombra do Papa, é o encaregado das cerimônias públicas. Mas coube ao Osservatore Romano desmentir as especulações, em particular que os vistosos sapatos tivessem sido fabricados a mão pela luxuosa casa de moda italiana Prada, e explicar os motivos da volta à tradição. Recorrer a acessórios litúrgicos usados durante o Concílio de Trento (1545-63) assim como durante a "Contra-Reforma católica" fazem parte da história da Igreja, sustenta o prelado.

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