postado em 01/07/2008 14:34
PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, assumiu nesta terça-feira (1º/07) comando da União Européia (UE) num clima de crise, agravado pela recusa de seu colega polonês em ratificar o tratado de Lisboa e por duras críticas procedentes de Bruxelas. No mesmo dia da entrada em vigor da presidência francesa por um período de seis meses, Sarkozy não foi poupado de péssimas notícias.
A primeira veio de Varsóvia, onde o presidente Lech Kaczynski anunciou de repente que não ratificará o tratado de Lisboa que, segundo ele, "já não faz mais sentido" depois da rejeição do texto pela Irlanda. A França vai manter "discussões" com Varsóvia para "tentar sair dessa situação", informou rapidamente o ministério francês das Relações Exteriores.
"Não consigo imaginar" que Kaczynski "possa voltar atrás depois de ter assinado" o texto, declarou Sarkozy nesta terça-feira. O segundo revés veio de Bruxelas, onde o comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, qualificou de "falsas" e "injustificadas" as críticas de Sarkozy contra ele.
Mandelson considerou que estes ataques prejudicavam "a unidade" européia nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na noite de segunda-feira, Sarkozy havia denunciando a posição defendida por Mandelson na OMC em nome da UE sobre a agricultura.
Mandelson viajou a Paris junto com os demais membros da Comissão Européia, liderados por seu presidente José Manuel Durão Barroso. Ele participou de um almoço seguido por uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro francês, François Fillon, e os outros integrantes do governo francês. Entretanto, ele não participará do jantar previsto hoje à noite no Eliseu, a sede da presidência francesa.
"Assumimos essa presidência (da UE) num clima tenso, porque a situação está difícil e os desafios se acumulam", declarou Fillon, sem mencionar a decisão polonesa. A rejeição pela Polônia do tratado de Lisboa poderia servir de exemplo para a República Tcheca, onde a ratificação é muito incerta. "Não temos muito tempo antes das eleições européias de junho de 2009", alertou Sarkozy na segunda-feira.
Apesar do clima de crise, o presidente francês continua esbanjando otimismo. "Os povos esperam que a Europa proteja os europeus contra os riscos inerentes à globalização", considerou, algumas horas antes do início de sua presidência.
Paris definiu quatro "prioridades concretas" para sua presidência de seis meses: aprovação de uma série de medidas no âmbito do clima e da energia e de um pacto europeu sobre a imigração, e promoção da Europa da defesa e da agricultura. No entanto, o carro-chefe de Sarkozy é o projeto de União para o Mediterrâneo, que deve ser lançado durante uma cúpula no dia 13 de julho em Paris.