postado em 03/07/2008 09:27
Depois de saber da libertação de Ingrid Betancourt, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, manifestou o desejo brasileiro por uma pacificação rápida da Colômbia. ;O resgate da ex-senadora Ingrid Betancourt e de mais 14 reféns demonstra o enfraquecimento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc);, afirmou o chanceler brasileiro. ;Pode ser uma oportunidade para que os membros da guerrilha percebam que não há futuro no seu conflito armado e partam para uma negociação que lhes permita voltar ao convívio político.;
Amorim contou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia com apenas uma palavra: ;Ótimo!”. Segundo o ministro, o governo brasileiro demorou a se pronunciar oficialmente, por volta das 19h, em função de uma agenda intensa do presidente Lula ontem. ;Não havia como interromper as audiências;, ressaltou. ;Começamos a tarde recebendo o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Akira Amari. Em seguida, veio He Guoqiang, membro do Comitê Permanente do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China. Por último, o presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón esteve conosco. Só aí preparamos e divulgamos a nota imediatamente.;
O chanceler disse ainda que o governo de Bogotá ofereceu uma anistia ampla aos integrantes das Farc, similar à oferecida aos grupos paramilitares de extrema direita, que atuavam na repressão à guerrilha e já estão em processo de desarmamento. ;Essa garantia me foi dada em encontros que mantive com o ministro das Relações Exteriores colombiano. Não posso precisar os termos, porque não podemos interferir na política interna de um país vizinho. Creio que a libertação da senadora Ingrid Betancourt abre o caminho para uma solução e isso muito nos alegra. A guerra civil na Colômbia é uma ferida aberta no conjunto democrático e pacífico da América do Sul. O governo do presidente Uribe precisa ser felicitado por isso;, comentou.
Eficiência
Para Amorim, o resgate sem mortes demonstra a eficiência do aparelho militar colombiano. ;Foi uma impressionante operação de inteligência;, destacou. ;Nós não sabíamos o que aconteceria, pois essas ações necessitam de sigilo, mas a libertação era esperada por todos, fosse numa ação militar ou em uma saída negociada. Eu mesmo, quando estive em Paris, recebi um pedido do governo francês para que ajudasse a estabelecer um canal de comunicação. Respondi que seria muito difícil, pois não temos contato com as Farc;.
Segundo ele, não será fácil dar um fim completo à guerrilha. ;Eu acho que não há menor dúvida que as Farc estão muito enfraquecidas e esse episódio demonstra mais ainda isso. Agora como terminar integralmente com um movimento desse tipo é algo mais complexo. Mesmo que a maioria do grupo se renda, muitas vezes, ficam resíduos desses movimentos por algum tempo, espero que sejam pequenos ou nenhum.; O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que participou de uma tentativa fracassada de libertação de Ingrid promovida pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, acompanhou a coletiva de Amorim, mas não quis se pronunciar.