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Militar enfermeiro foi o anjo da guarda de Ingrid Betancourt no cativeiro

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postado em 03/07/2008 14:28
BOGOTÁ - O cabo do Exército colombiano William Pérez, um soldado profissional com conhecimentos básicos de enfermaria, também refém, tornou-se o anjo da guarda de seus companheiros de cativeiro e, conforme admitiu Ingrid Betancourt, salvou sua vida. Pérez, de 36 anos, nasceu no departamento de La Guajira no extremo norte da Colômbia. Havia sido transferido para o sul do país - para El Billar, no departamento de Caquetá -, onde foi seqüestrado em 2 de março de 1998. "Ele foi meu enfermeiro nos momentos em que estive muito mal de saúde. Quero prestar a ele um reconhecimento especial porque se não fosse William, hoje não estaria aqui, foi essencial para mim", admitiu Betancourt, segurando a mão do militar, que foi resgatado com ela e outros 13 reféns da guerra das Farc. Pérez, visivelmente doente, contou que Ingrid ficou em estado de depressão, que seus braços permaneciam imóveis e algumas vezes perdendo a consciência. "Ela estava muito fraca e tive de lhe dar muito soro, alimentá-la com cuidado porque não podia comer nada. Tudo o que comia vomitava", acrescentou. "Eu a ajudava a se levantar e a se sentar porque ela não tinha ânimo nem para caminhar. Não conseguia andar", disse o jovem, revelando que os rebeldes tinham alguns medicamentos, mas não sabiam administrá-los. "A guerrilha tinha algumas coisas lá, mas não sabia para que serviam, então eu pedia uma coisa ou outra para ir medicando Ingrid". "Algumas vezes Ingrid me dizia que queria morrer porque não via outra solução. Ela ficou muito doente. Nas provas de sobrevivência que vocês viram e que escandalizaram o mundo, ela já demonstrava sinais de melhora - imaginem como ela chegou a ficar", concluiu o militar. Nesta quinta-feira, dezenas de vizinhos foram visitar a humilde casa de Carmen Medina, mãe do militar, na cidade de Riohacha (norte). "Sinto muita alegria, não sei como dizer, a satisfação é grande e vocês podem imaginar", disse a mulher à imprensa local. "Mami, onde estiver, sempre continuarei sendo um militar", disse Pérez, em carta enviada à mãe, como prova de fé de vida. Nesta quinta-feira, William Pérez disse que quer voltar ao Exército, mas como militar, nunca mais como enfermeiro, profissão que se viu forçado a exercer em cativeiro. Junto a Pérez voltaram dez soldados e policiais, a maioria com mais de dez anos mantidos como refém. Eles levavam consigo as marcas de uma vida dura na selva e as seqüelas de doenças como malária e leishmanionse. "Estamos muito doentes, mas estamos de pé porque voltamos a nascer. Quero que nossos companheiros que ficaram na selva saibam que o momento deles está para chegar. Estamos esperando e trabalharemos por sua libertação", disse o subtenente Raimundo Malagón, seqüestrado em agosto de 1998. Depois de um exame médico, os militares e policiais foram conduzidos nesta quinta-feira aos comandos do Exército e da Polícia onde receberam o reconhecimento e foram ovacionados por seus companheiros.

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