postado em 04/07/2008 16:07
BERLIM - Adolf Hitler é a polêmica atração do museu Madame Tussauds, que abre suas portas neste sábado em Berlim, entre cerca de 70 outras figuras de cera de personagens importantes da história alemã e mundial. Para não dar a impressão de que glorifica o ditador, os criadores do museu representaram o líder nazista como um "homem acabado", em uma reconstituição do bunker onde passou seus últimos dias e se matou no dia 30 de abril de 1945.
Com ar derrotado, o "Führer" do museu berlinense tem um aspecto degradado em comparação a sua cópia mais jovial apresentada no museu Madame Tussauds de Londres. Mesmo exibida atrás de uma mesa, para impedir que os visitantes tirem fotos ao seu lado ou danifiquem-na, a estátua suscita polêmica e indignação entre algumas autoridades políticas.
"Temo que a exposição se torne uma espécie de local de peregrinação para a extrema direita", declarou Friedbert Pflüger, líder do grupo parlamentar do Partido Conservador (CDU, no poder) ao tablóide Bild, que destaca a "cólera na Alemanha". Para o número dois do Partido Liberal Rainer Brüderle (FDP, oposição), "fazer de uma figura de Hitler uma atração nas imediações do Memorial do Holocausto é insensível e de mau gosto".
"Hitler não deveria se tornar uma atração turística", afirmou Stephen Kramer, secretário-geral do Conselho Central de Judeus da Alemanha. "Mas se essa exposição ajuda, de alguma forma, a normalizar a maneira como o consideramos, a desmistificá-lo, então vamos tentar", havia declarado no final de maio. A porta-voz do museu berlinense, Natalie Ruoss, defendeu a decisão: "está claro que queremos representar a história alemã. Seria difícil para nós excluí-lo. Queremos mostrar a realidade".
"Ao preparar a exposição, realizamos enquetes perguntando aos berlinenses e aos turistas nas ruas, e o resultado claro foi que Hitler fazia parte dos personagens que as pessoas queriam ver". Os 74 outros personagens de cera do museu situado na avenida Unter den Linden, próximo à Porta de Brandeburgo e ao Memorial do Holocausto estão menos sujeitas a controvérsia. Os visitantes estrangeiros não terão dificuldades para reconhecer o sábio Albert Einstein, o compositor Ludwig van Beethoven, o chanceler Otto von Bismarck, o ex-goleiro da seleção alemã Oliver Kahn, o papa Bento XVI ou a atual chanceler alemã Angela Merkel.
Terão mais problemas com o escritor alemão Günter Grass, o dramaturgo Bertolt Brecht, o ex-chanceler Konrad Adenauer ou a resistente Sophie Scholl, executada pelos nazistas. "Quem são eles todos?", pergunta Sammy, uma britânica de 24 anos. Além de Hitler, Bismarck, Karl Marx, Beethoven e Bach, a jovem turista, que se detém diante das ruínas do Muro de Berlim da Potsdamer Platz, afirma que a única outra personalidade alemã do museu que ela conheça é a modelo Heidi Klum.