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Irã responde à proposta das potências mundiais sobre questão nuclear

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BRUXELAS - Três semanas depois de ter emitido uma nova proposta de cooperação aos iranianos para desbloquear o caso nuclear, o chefe da diplomacia européia, Javier Solana, recebeu nesta sexta-feira (04/07) a resposta de Teerã, que qualificou de "construtiva e criativa". A resposta iraniana chegou às 18h30 (13h30 de Brasília) no escritório de Solana na sede do Conselho da União Européia (UE) em Bruxelas, informou a porta-voz do espanhol, Cristina Gallach. Ela não deu nenhuma informação sobre o conteúdo da resposta, que precisará agora ser "estudada e analisada" em colaboração com os seis países (Estados Unidos, França, Rússia, China, Grã-Bretanha e Alemanha) envolvidos nas discussões sobre o programa nuclear de Teerã. De acordo com a televisão estatal, Said Jalili, o principal negociador iraniano sobre a questão nuclear, declarou mais cedo que a República Islâmica "preparou e apresentou uma resposta à carta dos seis países com uma posição construtiva e criativa e destacando os pontos de convergênncia". Jalili também não entrou em detalhes sobre o conteúdo da resposta. Ele se limitou a informar que as duas partes combinaram de manter novas discussões daqui a duas semanas. A resposta iraniana chegou a Bruxelas depois de uma conversa telefônica entre Jalili e Solana, qualificada por Gallach de "positiva e construtiva". Em sua proposta, os seis países "reconhecem o direito do Irã a desenvolver a pesquisa, a produção e a utilização da energia nuclear com fins pacíficos" e se oferecem para garantir seu abastecimento em combustível nuclear. No entanto, a abertura de negociações sobre esta oferta é condicionada ao abandono pelo Irã de todas suas atividades de enriquecimento de urânnio. A comunidade internacional teme que o Irã esteja tentando desenvolver secretamente a arma atômica por trás de um programa nuclear civil. Solana deixou a porta aberta para a possibilidade de uma "pré-negociação", durante a qual os seis países não reforçariam as sanções e o Irã não colocaria novas centrífugas em funcionamento, segundo fontes diplomáticas. Os iranianos sempre se recusaram a suspender suas atividades de enriquecimento, o que levou o Conselho de Segurança da ONU a aprovar três resoluções incluindo sanções. Uma esperança de progresso neste caso paralisado há cinco anos apareceu na quarta-feira com a publicação de um texto de Ali Akbar Velayati, conselheiro do guia supremo iraniano Ali Khamenei, defendendo o estabelecimento de um "consenso" entre Teerã e os seis países. Em meados de maio, o Irã sugeriu a criação de um consórcio para enriquecer urânio na República Islâmica. Os seis países não comentaram essa proposta. Os Estados Unidos não descartam a opção militar contra o Irã para resolver a questão nuclear. Israel, a única potência nuclear do Oriente Médio, também afirmou que impedirá a qualquer preço o Irã de obter a arma atômica. O chefe dos Guardiões da Revolução, Mohammad Ali Jafari, avisou que um ataque americano ou israelense contra um de seus centros nucleares seria considerado uma declaração de guerra.