postado em 04/07/2008 19:34
BOGOTÁ - Dividida entre a família e a política, Ingrid Betancourt, que se engajou na luta contra a libertação dos reféns das Farc, vislumbra um futuro promissor, aos 46 anos. Ex-candidata à presidência da Colômbia, anunciada pela mídia como heroína lúcida de nervos de aço, Ingrid surgiu na quinta-feira em Bogotá com uma imagem sensível e equilibrada.
Ingrid Betancourt se transformou rapidamente, após sua libertação espetacular por um comando do Exército, em uma personalidade internacional e em uma figura nacional de forte imagem, disse Alejo Vargas, professor da Universidade Nacional. Após mais de seis anos de cativeiro nas selvas colombianas, Ingrid fez questão de destacar que no momento pensa apenas na família e na convivência com os filhos Mélanie e Lorenzo.
"Acabo de sair da selva. Não tive tempo de refletir sobre isto (o futuro). Só tomei a decisão de trabalhar pelos (reféns) que ainda estão na selva", disse a ex-senadora ao chegar a Bogotá, na quarta-feira. "Estou em dívida com minha família, com minha filha", destacou Ingrid Betancourt, em referência aos filhos, de 22 e 19 anos.
A ex-senadora, considerada há muito tempo um ser político, disse que decidirá seu futuro "de acordo" com seus filhos. De qualquer modo, a ex-candidata do partido verde à presidência da Colômbia deu a entender que apóia uma eventual reeleição do presidente Alvaro Uribe para um terceiro mandato.
"Uma terceira eleição?! Porque não? Isto me parece interessante", disse Ingrid durante entrevista coletiva. Este apoio a Uribe reforça os rumores de que a ex-senadora poderia se tornar a futura chanceler da Colômbia.
No plano internacional, Ingrid Betancourt não perdeu tempo e fez um apelo ao presidente equatoriano, Rafael Correa, para que supere suas divergências com o presidente Uribe e contribua para a libertação dos reféns ainda em poder das Farc. ;Posso apenas dizer ao presidente (Correa) que tenha consciência de que ainda há reféns na selva", declarou Ingrid.
Na questão dos reféns, a ex-senadora também pediu a ajuda do presidente venezuelano, Hugo Chavez, que respondeu positivamente, estimando que as Farc devem depor as armas. A maior parte dos analistas colombianos acredita que Ingrid terá um futuro político, ocupando um ministério ou até a presidência do país.
"O melhor cenário seria o ministério das Relações Exteriores", disse o cientista político Fernando Cano. "Não há qualquer dúvida de que o panorama político mudou com a chegada deste novo ator de grande peso político", estimou o analista Alejo Vargas. Ingrid Betancourt não é apenas uma figura política nacional, agora trata-se de "uma personalidade de grande presença internacional e uma personalidade nacional muito forte".