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Estados Unidos tiram urânio do Iraque em operação secreta

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postado em 05/07/2008 19:23
O último remanescente do programa nuclear de Saddam Hussein - uma enorme reserva de urânio concentrado - chegou neste sábado (05/07) a um porto canadense, para completar uma operação secreta dos Estados Unidos que incluiu duas semanas de vôos de Bagdá e uma viagem de navio cruzando dois oceanos. A retirada de 550 toneladas métricas de óxido de urânio, o material que serve de base para o enriquecimento nuclear de alto grau, foi um passo significativo para encerrar o legado atômico de Saddam. Além disso, é um alívio para as autoridades norte-americanas e iraquianas, que temiam que o urânio caísse nas mãos de insurgentes ou contrabandistas que o levassem para o Irã. O que resta agora é um esforço final e complicado para limpar os remanescentes fragmentos radioativos do antigo complexo atômico de Tuwaitha, cerca de 20 quilômetros ao sul de Bagdá, usando equipes que incluem especialistas iraquianos recentemente treinados na área afetada pelo desastre de Chernobyl, na Ucrânia. "Todos estão felizes que esse carregamento saiu do Iraque a salvo", disse um funcionário norte-americano que detalhou a operação à Associated Press. O funcionário não quis ser identificado por ser um assunto delicado. Embora o óxido de urânio por si só não seja suficientemente potente para uma "bomba suja" - explosivo convencional que dispersa material radioativo - pode causar grande pânico se for incorporado a uma explosão. O óxido de urânio também pode ser enriquecido para uso em reatores nucleares e, em níveis mais altos, bombas atômicas. Energia no Canadá O governo iraquiano vendeu o óxido de urânio ao processador canadense de urânio Cameco Corp., em uma transação que o funcionário disse estar avaliada em "dezenas de milhões de dólares". Um porta-voz da Cameco, Lyle Krahn, não quis especificar o preço, mas disse que o material seria processado nas instalações em Ontário, para seu uso em reatores nucleares. "Estamos convencidos de que tiramos o óxido de urânio de uma região volátil para uma área estável, para produzir eletricidade limpa", disse. O acordo culmina mais de um ano de intensas iniciativas diplomáticas e militares - mantidas em segredo por medo de ataques ou emboscadas assim que as caravanas iniciassem viagem, carregando primeiro 3.500 barris por estrada em Bagdá, depois em 37 vôos militares até a base naval Diego García, no Oceano Índico, e finalmente a bordo de um navio de bandeira norte-americana para uma viagem até Montreal.

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