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Vídeo denuncia fraude nas eleições de Zimbábue

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postado em 06/07/2008 09:30
Um vídeo gravado por um eleitor do Zimbábue e divulgado nesta sábado (5/7) é a primeira prova concreta de que houve manipulação dos votos em favor do presidente reeleito, Robert Mugabe. A pedido do jornal britânico The Guardian, o agente penitenciário Shepherd Yuda usou uma microcâmera para gravar o momento em que preenchia a cédula do segundo turno das eleições, em frente aos ativistas do Zanu-PF, o partido do governo. Mugabe concorria sozinho à presidência, depois que seu opositor, Morgan Tsvangirai, desistiu do pleito após receber diversas ameaças. O atual líder obteve 90% dos votos, que lhe garantiram o sexto mandato presidencial. Mas sua vitória não é aceita pela comunidade internacional. ;Nunca tinha visto esse tipo de violência antes. Como é possível que um governo que afirma ser eleito democraticamente mate sua gente e torture sua população?;, questiona Yuda, na gravação. A filmagem foi feita nos seis dias que antecederam a eleição em todo o país, em 27 de junho. O agente penitenciário e seus companheiros foram obrigados a votar antes e a enviar as cédulas pelos Correios. Os eleitores também tiveram de fornecer o número da identidade no momento em que marcavam as cédulas, sempre sob os olhares atentos dos partidários de Mugabe. ;Se eles não viram na hora em que eu votei, eles viram meu voto depois, na cédula;, conta um dos eleitores na gravação. Yuda teve de abandonar o país com a família, dias depois, e está em um local secreto, segundo o The Guardian. ;Não lamento o que fiz, apesar de ter tomado uma decisão difícil. Podemos viver sem as lembranças de ver mortos na prisão, nas ruas e em minha família;, disse o agente, que presenciou recentemente o assassinato de seu tio, um ativista do partido de oposição Movimento para a Mudança Democrática (MDC). Encontro No mesmo dia em que o vídeo foi divulgado, Robert Mugabe se encontrou em Harare com o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, mediador da África Austral na crise do Zimbábue. Em seguida, os dois se reuniram com três líderes de um grupo dissidente do MDC. Na última sexta-feira, o presidente reeleito havia descartado qualquer diálogo com a oposição caso ela não reconhecesse seu mandato como legítimo. O porta-voz do MDC, Nelson Chamisa, disse ontem que a violência pós-eleitoral deixou 103 mortos entre os opositores. ;Cerca de cinco mil de nossos partidários, essencialmente agentes eleitorais e candidatos, também são dados como desaparecidos depois de terem sido raptados por milícias do Zanu-PF e por agentes do Estado em carros descaracterizados;, acrescentou Chamisa.

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