postado em 07/07/2008 21:31
PARIS - O tratamento padrão da Aids, que é adotado pelo setor público de saúde na África do Sul, é tão eficaz quanto o tratamento sob medida utilizado na Suíça, desde que as doenças sejam cuidadas o quanto antes, segundo um estudo.
Pesquisadores da Universidade de Berna e da Universidade do Cabo, cujos trabalhos serão publicados nesta terça-feira (08/07) na revista especializada on-line PLoS Medicine, analisaram dados reunidos desde 2001 com mais de 2.000 pacientes beneficiados por programas de tratamento público no Cabo e mais de 1.000 tratados na Suíça.
Um quarto dos pacientes sul-africanos, afetados por uma infecção do VIH com uma das quatro triterapias (coquetel com três medicamentos), tiveram que recorrer a um tratamento dito de segunda linha durante o estudo, devido a uma resistência ao tratamento inicial, de primeira linha.
Na Suíça, onde os doentes têm acesso a tratamentos individualizados escolhidos entre 36 programas diferentes de triterapia, a metade teve que recorrer a um outro tratamento durante o período do estudo.
Nesses dois países, o nível viral no sangue foi consideravelmente reduzido no espaço de um ano com quase todos os pacientes, e a carga viral (uma volta dos níveis do vírus após um período de eficácia do tratamento) ocorreu no espaço de dois anos em 25% dos pacientes.
Mais pacientes morreram na África do Sul do que na Suíça, principalmente durante os três primeiros meses de tratamento. Essa diferença, segundo os pesquisadores, reflete provavelmente o fato de que os pacientes sul-africanos estariam em um estado mais avançado da doença do que os pacientes suíços quando começaram a ser tratados.
Segundo os pesquisadores, tais indicações reforçam a necessidade da manutenção do tratamento de saúde público e leva a crer que um tratamento mais padronizado nos países desenvolvidos não deve comprometer a eficácia do tratamento. E em todos os casos, está claro que os pacientes têm tudo a ganhar sendo tratados o quanto antes nos países com menos recursos.