postado em 08/07/2008 16:56
ROMA - Dezenas de milhares de manifestantes se concentraram na noite desta terça-feira (08/07) no centro de Roma para protestar contra as reformas da justiça idealizadas pelo chefe de governo Silvio Berlusconi, a quem acusam de buscar "a imunidade", constatou uma jornalista da AFP.
Cerca de 15.000 pessoas, segundo a polícia, e 50.000, segundo os organizadores, participaram desta manifestação, voltada para denunciar "a utilização da justiça com fins pessoais" por Berlusconi.
O alvo principal dos manifestantes é um projeto de lei sobre a imunidade penal dos quatro maiores representantes do Estado - entre eles o chefe de governo - e uma medida suspendendo dezenas de milhares de processos para priorizar os casos passíveis de mais de dez anos de prisão.
Entre os julgamentos que poderiam ser suspensos, está o processo movido em Milão contra Berlusconi e seu ex-advogado britânico David Mills. O chefe do governo italiano é acusado de ter pagado US$ 600 mil a Mills em troca de falso depoimento no final dos anos 90.
Este texto deve ser submetido ao voto dos deputados quinta-feira às 19h (16h de Brasília). "Como na máfia, Berlusconi diz a seus homens no Parlamento o que devem fazer", denunciou o ex-juiz anticorrupção Antonio di Pietro, presidente de um pequeno partido político.
"O governo quer nocautear a Constituição. Ele quer a imunidade total para os criminosos de todos os tipos para salvar os criminosos que estão no governo e seus amigos", lamentou o filósofo Paolo Flores D'Arcais, diretor da revista Micromega, durante um discurso na Piazza Navone.
"Faz dois meses que Berlusconi está no poder, e ele só promoveu reformas que beneficiam a ele mesmo", criticou uma manifestante, Sabina Galizia.
"Precisamos de uma oposição forte contra um governo que faz escolhas perigosas para a democracia", considerou Rita Borsellino, irmã do juiz Paolo Borsellino, assassinado pela máfia em 1992.