postado em 09/07/2008 08:49
TOYAKO - Os líderes dos principais países ricos e emergentes do planeta, incluindo Estados Unidos, Brasil e México, concordaram em trabalhar juntos para reduzir as emissões de gases responsáveis pelo "efeito estufa" a longo prazo, mas fracassaram em estabelecer metas e prazos concretos para deter o aquecimento global. Os países ricos não conseguiram que os emergentes se somassem a seu acordo de reduzir em pelo menos 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2050, mas exigiram esforços destes para combater o aquecimento global.
Em compensação, os países ricos teriam se comprometido a adotar ações de médio prazo (2020), segundo uma proposta japonesa. Mas para os grandes países emergentes reunidos no G5 - Brasil, México, China, Índia e África do Sul - os países ricos têm uma responsabilidade histórica no aquecimento do planeta e sua promessa de redução de emissões não é suficiente. Os Estados Unidos são o único grande país industrializado que não aderiu ao Protocolo de Kyoto e insistem que os grandes emergentes também devem fazer esforços para reduzir suas emissões, mas nesta terça-feira, pela primeira vez, aceitaram fixar uma meta de redução para 2050.
"Apoiamos uma visão compartilhada para uma cooperação, incluindo uma meta global a longo prazo para a redução das emissões", destacaram os líderes dos 16 países, que emitem 80% dos gases de efeito estufa do planeta. A decisão foi anunciada ao final da sessão ampliada do G8 para tratar do aquecimento global, durante a Cúpula de Toyako, no norte do Japão. "Atingir nossa meta global a longo prazo requer atingir as metas a médio prazo" adotadas pelos países ricos, assim como os esforços dos países emergentes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, destacaram os 16 líderes reunidos no Japão.
No entanto, o G8 só decidiu que cada país fixará suas próprias metas de redução a médio prazo até 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, e sem proporcionar cifras ou prazos. "A mudança climática é um dos grandes desafios de nossa era", destacaram os líderes na declaração final do encontro. "Nossas nações seguirão trabalhando de maneira construtiva para promover o sucesso da conferência sobre mudança climática de Copenhage", disseram em referência ao encontro da ONU previsto para dezembro de 2009, visando a um tratado mundial de redução das emissões que substitua o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012.
Os 16 países disseram ainda apoiar "uma visão compartilhada para uma cooperação, incluindo uma meta global a longo prazo para a redução de emissões", mas as economias emergentes só se comprometeram a adotar medidas para "atenuar" suas emissões poluidoras, sem mais detalhes. A China superou no ano passado os Estados Unidos como primeiro emissor de gases de efeito estufa. O Brasil ocupa o quarto lugar, principalmente devido às queimadas do desmatamento amazônico. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, pediu que não se considere o assunto um "confronto entre países desenvolvidos e em desenvolvimento".
"Este é um desafio mundial que requer uma resposta mundial", assinalou, fazendo um apelo aos emergentes para que "reconheçam que não existe uma contradição entre crescimento econômico e redução de emissões". "Pelo menos todos os países chegaram a um acordo para que o novo tratado internacional (pós-Kyoto) inclua objetivos de redução a longo prazo", acrescentou. Outros não se mostraram conformes. "Nos assuntos que importam, como as metas de redução de emissões dos países ricos até 2020, a declaração é mortalmente silenciosa", lamentou Daniel Mittler, do Greenpeace.
Esta reunião do MEM (Major Economies Meeting) foi a primeira entre chefes de Estado e de Governo desde que os Estados Unidos lançaram o processo, em setembro de 2007, para integrar as grandes nações emergentes ao debate sobre a mudança climática. O MEM é integrado pelo G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia), os emergentes do G5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul) e por Austrália, Indonésia e Coréia do Sul.
Essa sessão ampliada da Cúpula do G8 contou ainda com a presença dos chefes da ONU, Banco Mundial, Agência Internacional de Energia e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos. Em uma reunião anterior entre o G8 e o G5, os líderes discutiram igualmente a disparada dos preços do petróleo, a crise alimentar mundial, os biocombustíveis e Rodada de Doha para reduzir as barreiras do comercial mundial.