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Chávez e Uribe querem normalizar relações após meses de crise

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postado em 09/07/2008 16:54
CARACAS - Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Alvaro Uribe, desejam enterrar, na sexta-feira (11/07), meses de tensões e críticas cruzadas para retomar relações de coexistência normais, com foco especial em projetos de infra-estrutura e de cooperação fronteiriça. Esse primeiro encontro bilateral desde o fim de 2007 está previsto para acontecer na cidade de Coro, Estado Falcón, noroeste da Venezuela. "Significa o restabelecimento de um diálogo construtivo e respeitoso, que ponha sobre a mesa as diferenças e também os pontos nos quais podemos trabalhar juntos", declarou o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Nicolas Maduro, nesta quarta-feira (09/07). De acordo com o ministro, será um "reencontro político" que reativará projetos de cooperação energética, comercial, fronteiriça e de infra-estrutura. Chávez enfraquecido Os analistas venezuelanos destacam que Uribe chegará ao encontro fortalecido, após o resgate de 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), incluindo a mais valiosa deles, a política franco-colombiana Ingrid Betancourt. Chávez estará em posição de fraqueza, consciente de que suas críticas ao colega colombiano e suas reflexões a respeito da guerrilha "foram longe demais". "Mas não se pode interpretar a visita de Uribe à Venezuela como uma revanche. Não se trata de dizer que Chávez está contra a parede, mas que está disposto a dialogar com Uribe", disse o analista Carlos Romero à AFP. Para a professora de Estudos Internacionais da Universidade Metropolitana de Caracas, Elsa Cardozo, esse encontro será o mais importante entre ambos os presidentes, e Chávez está, especialmente, interessado em acabar com esse clima de guerra. "Os insultos que dirigiu a Uribe foram duríssimos, mas agora defende a aproximação, porque precisa de uma normalização relativa e provavelmente temporária, enquanto recupera espaço internacional e recompõe sua imagem internamente", afirmou a especialista. Segundo Elsa, "Chávez perdeu espaço político, suas contradições já não conseguem modificar o ambiente político, perdeu projeção internacional e seus principais aliados, como Equador, Bolívia, Nicarágua e Cuba, vivem momentos de incerteza". Futuros acordos Uribe garantiu que irá ao encontro com Chávez com "entusiasmo" e com o desejo de dar um "impulso em toda a agenda" bilateral. Chávez declarou, por sua vez, que irá recebê-lo "como um irmão", apesar das "coisas duras" que chegaram a dizer um para o outro. "Ninguém pede a eles que se comportem como irmão. É impossível (...) mas são países fronteiriços e é possível um modus vivendi com políticas específicas para interesses comuns", comentou Romero. No encontro, os dois vão tratar do restabelecimento da cooperação nos mais de 2.000 km de fronteira comum, onde o narcotráfico, a presença de guerrilha e o contrabando exigem uma maior troca de informação. Além disso, ambos visitarão a refinaria de Paraguaná e deverão assinar um compromisso para a construção conjunta de um ferrovia transfronteiriça, segundo fontes diplomáticas. Também será discutida a necessidade de "equilibrar" o comércio bilateral, que nos quatro primeiros meses de 2008 cresceu 30% e chegou a US$ 2,064 bilhões, graças às importações colombianas, que continuam sendo muito mais fortes do que as exportações venezuelanas para o país vizinho.

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