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União pelo Mediterrâneo: Sarkozy quer ampliar influência no Oriente Médio

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PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, vai aproveitar o lançamento do projeto da União pelo Mediterrâneo (UPM) em Paris para se encontrar, neste final de semana, com alguns atores do conflito no Oriente Médio, voltado para impor a França e a Europa neste cenário dominado pelos Estados Unidos. Domingo à tarde representantes de cerca de 40 países, entre os quais Israel e a Síria, analisam esta nova parceria euro-mediterrânea idealizada por Sarkozy. O presidente em exercício da União Européia (UE) almoçará no sábado com o colega egípcio Hosni Mubarak, que dirigirá junto com ele a cúpula da UPM, antes de receber o libanês Michel Sleimane e principalmente o sírio Bachar al-Assad, que fará seu retorno ao cenário internacional. Na manhã de domingo, Sarkozy receberá o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert e o presidente palestino Mahmud Abbas, com os quais deverá fazer uma "declaração à imprensa". A visita de Bachar al-Assad, a primeira à França em sete anos, será sem dúvida a mais controvertida. O predecessor de Sarkozy, Jacques Chirac, havia congelado todas as relações com Damasco depois do assassinato, em fevereiro de 2005, de seu "amigo", o ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri. A Síria foi acusada pela comunidade internacional de ter planejado o atentado que matou Hariri. No ano passsado, Sarkozy expressou o desejo de acabar com esta quarentena para tentar encontrar uma solução para a crise libanesa. Quando Sleimane foi eleito à presidência do Líbano, Sarkozy convidou Bachar al-Assad ao lançamento da UPM para "incentivar a boa vontade" síria. Entretanto, a visita do número um da Síria, que a própria presidência francesa considera "um mau exemplo em termos de respeito dos direitos humanos", e sua eventual presença no desfile da festa nacional de 14 de julho suscitou uma polêmica na França. A oposição de esquerda e as ONGs estabeleceram um paralelo entre a visita de Assad e a do dirigente líbio Muammar Kadhafi, em dezembro passado. Nicolas Sarkozy respondeu a estas críticas saudando terça-feira na cúpula do G8 no Japão a "quase unanimidade de nossos parceiros" sobre o convite feito a Assad. "Até nossos amigos americanos admitiram que esta visita pode ser útil", afirmou. O presidente acrescentou que "decisões" serão anunciadas depois do encontro. Uma delas pode ser uma futura visita à Síria. Em entrevista concedida terça-feira à AFP, Bachar al-Assad elogiou a posição de Sarkozy e expressou o desejo de que a França desempenhe "um papel importante" no processo de paz no Oriente Médio. Sarkozy vai reunir domingo Olmert e Abbas com o objetivo de ocupar o espaço deixado provisoriamente livre pelos Estados Unidos com o fim do mandato de George W. Bush. "Se a França e a Europa puderem contribuir para a paz de alguma forma, elas têm que fazê-lo", afirmou o presidente francês.