postado em 14/07/2008 18:58
BRUXELAS - O primeiro-ministro da Bélgica, Yves Leterme, propôs a renúncia de seu governo ao Rei Albert II, após o fracasso de uma tentativa de reforma das instituiçõs belgas, disse à AFP uma fonte ligada ao governo. "Vai apresentar a renúncia do governo", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
"Isto é resultado de um impasse total sobre as questões comunitárias, combinado ao fato de que o governo não será capaz de apresentar um acordo sobre a reforma do Estado em 15 de julho", como tinha prometido.
Leterme "está na casa do Rei", confirmou às 23h30 local um porta-voz do primeiro-ministro, sem dar mais detalhes. O Rei Albert II, chefe de Estado, pode aceitar a renúncia do governo, formado em março passado, rejeitá-la ou adiá-la por alguns dias enquanto avalia a situação.
O vice-premier e ministro das Finanças, Didier Reynders, reconheceu que Leterme "advertiu" sobre a demissão do governo: "Lamento que todo o trabalho socioeconômico já realizado esteja em risco".
O Partido Socialista Francófono (PS), que integra a coalizão governamental, lamentou "que o primeiro-ministro tenha julgado conveniente apresentar a demissão ao Rei em um momento em que (...) as negociações constitucionais poderiam ocorrer em um contexto construtivo e positivo".
Leterme, um democrata cristão de pai valão e mãe flamenga, fracassou hoje em sua tentativa de obter um acordo entre as duas comunidades belgas para uma reforma do Estado.
O premier tentou convencer os cinco partidos que formam a coalizão governamental a aceitar o adiamento, até o outono (boreal), das negociações, com a participação de representantes das regiões de Valônia, Flandres e Bruxelas.
O próprio partido de Leterme, o Democrata Cristão Flamengo (CDV), rejeitou este adiamento. O CDV exige uma maior autonomia para Flandres, especialmente no âmbito fiscal, o que é rejeitado pelos francófonos.