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Pela primeira vez um americano se junta às discussões nucleares iranianas

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postado em 16/07/2008 10:18
BRUXELAS - O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, retomará no sábado as negociações sobre o dossiê nuclear iraniano acompanhado pela primeira vez de um alto diplomata americano, reforçando assim a pressão para que Teerã aceite suspender suas atividades de enriquecimento de urânio. O departamento de Estado americano confirmou na noite desta terça-feira que William Burns, seu numéro três, participará no encontro de Solana com diplomatas da França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China, os cinco países que, junto com os Estados Unidos, estão envolvidos nas conversações com o Irã. Essa é a primeira vez que Washington, que rompeu relações diplomáticas com o Irã em 1980 depois da Revolução Islâmica, envia um de seus funcionários para discussões com Teerã. Mesmo assim, segundo um funcionário americano, Burns participará no encontro 'apenas para escutar'. "Burns vai repetir que a suspensão (do enriquecimento do urânio) é uma condição e, sejamos claros, ele estará lá para escutar, não para negociar", declarou a fonte, acrescentando que o presidente George W. Bush aprovou a medida. "Essa decisão é destinada a mostrar que levamos a sério a via diplomática, mas que haverá conseqüências se o Irã não aceitar a oferta. Os iranianos estão tendo uma oportunidade", acrescentou. Os europeus assumiram o comando das negociações em 2006 e Solana ofereceu em nome dos seis países negociadores uma oferta de cooperação em troca da suspensão iraniana das atividades de enriquecimento de urânio, o que Teerã recusou. Nesta quarta, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, reiterou que o Irã não aceitará qualquer ameaça nas negociações sobre o tema nuclear com as grandes potências. "O Irã decidiu participar nas negociações, mas não aceitará ameaças", enfatizou. "As linhas demarcatórias do Irã são muito claras", acrescentou, referindo-se à negativa da República Islâmica de suspender o processo de enriquecimento de urânia, como exigem a ONU e as grandes potências. Khamenei declarou ainda que o presidente George W. Bush será castigado se atacar o Irã. "O que alguns dizem ao afirmar que Bush realizará uma ação (militar contra o Irã) durante os últimos meses de sua mandato, deixando para o próximo governo os problemas, é um erro. Se alguém cometer tal ação, o povo iraniano perseguirá e o castigará mesmo que não esteja no poder", enfatizou o guia da revolução. Na véspera, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad declarou que em "um futuro próximo" será possível dialogar com os Estados Unidos a respeito de diferentes temas. "É possível manter em um futuro próximo discussões com os Estados Unidos sobre diferentes temas", disse Ahmadinejad em uma entrevista concedida à TV estatal. Ahmadinejad acrescentou que "nos próximos meses algumas coisas vão acontecer", considerando que nenhuma das potências mundiais poderá ignorar o Irã. "Qualquer que seja o partido político que sair vencedor da eleição (presidencial) nos Estados Unidos deverá levar isso em conta. Recebemos diversas mensagens a respeito", disse. Segundo Ahmadinejad, as eventuais negociações com os Estados Unidos "não serão em nível governamental, e sim em outros níveis. Se os Estados Unidos querem discussões com o Irã devem ocorrer em condições justas".

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